segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sequência Didática - Interpretação de texto com auxílio de materiais gráficos


Introdução
A designação material gráfico diverso abrange um conjunto variado de textos nos quais a linguagem não-verbal está sempre presente (associada ou não à linguagem verbal). Nesse conjunto encontram-se, por exemplo, propagandas, tiras, charges, fotos, desenhos, esquemas, gráficos e tabelas. Este tipo de assunto é um dos temas da Prova Brasil.

Objetivos
• Obter informações a partir de gráficos.
• Comparar dados de gráficos distintos, mas com afinidade temática.
• Tirar conclusões a partir dos dados levantados.

Conteúdo
Leitura de material gráfico diverso

Anos
8.º e 9.º anos

Tempo estimado
2 ou 3 aulas

Material necessário
• Cópias do material gráfico publicado no jornal Folha de S. Paulo de 20 de novembro de 2007, p. C5: gráficos sobre a desigualdade racial na mortalidade.
• Cadernos
• Lápis


 Desenvolvimento

1ª etapa

 
I
nicie a atividade explicando aos alunos que eles farão um exercício de leitura e que o texto que será objeto desse exercício inclui a linguagem não-verbal. Verifique as hipóteses dos alunos para o tipo de texto que receberão e aproveite para avaliar seu conceito a respeito das modalidades verbal e não-verbal. Se necessário, esclareça.

2.ª etapa


Apresente os textos e pergunte à classe de que tipo de material gráfico se trata. Se for necessário, ajude a estabelecer a diferença entre tabela, esquema e gráfico, mencionando exemplos do cotidiano (tabela de jogos de um campeonato esportivo, esquema da transmissão de um vírus, gráfico do desmatamento no Brasil etc).

Estimule a classe a refletir sobre a função de materiais gráficos como esse, indagando: em que suportes eles costumam circular? Eles costumam constituir um texto isolado ou acompanham outros textos? Qual sua importância?

Chame a atenção da turma para a referência bibliográfica do material em questão e explique que ele acompanha uma notícia publicada no jornal sobre os resultados de um levantamento feito por dois pesquisadores.

3.ª etapa


Após o primeiro exame do texto pelos alunos, esclareça eventuais dúvidas a respeito dos termos nele empregados. Convém deixar claro que as "causas externas" reúnem, além de homicídios, acidentes e outras causas não-naturais. As "causas mal definidas" indicam uma imprecisão no atendimento médico. O grupo designado por "negros" inclui pretos e pardos.

4.ª etapa


Ainda em uma leitura coletiva, proponha questões sobre os elementos básicos de um gráfico: quem o produziu, o que ele investiga e quantifica e que título lhe foi atribuído. Isso é importante para que os alunos percebam o que devem levar em conta na primeira abordagem desse tipo de texto, a fim de realizarem leituras semelhantes de forma autônoma.

Sugestões
a) Qual a fonte do material gráfico publicado no jornal? O que se pode afirmar a respeito de sua credibilidade?

b) Os gráficos presentes nesse material apresentam o resultado de que investigação?
c) Você julga que os responsáveis por essa investigação tinham uma hipótese a ser confirmada?
d) Qual é o título geral do material gráfico? Esse título antecipa uma avaliação dos resultados apresentados?

e) Quais os títulos específicos das duas partes do material gráfico?

Aproveite para ver se os alunos identificam a frase "Homicídios e acidentes matam mais negros do que brancos" (na parte superior do texto) como um elemento estranho à estrutura desse tipo de material gráfico, por emitir uma interpretação dos dados apurados. Convém também certificar-se de que eles compreendem as siglas UFRJ e SUS, mencionadas na fonte do material gráfico.

5.ª etapa

 
Solicite aos alunos que formem trios de trabalho. Eles devem registrar em seus cadernos algumas constatações a partir do exame dos dados presentes nos gráficos. Se necessário, sugira um exemplo, dentre os que se seguem:
a) Entre os homens, os negros morrem mais por homicídios, e os brancos, por doenças.
b) De 1999 a 2005, cada vez menos mulheres brancas morriam por problemas no parto e cada vez mais negras morriam por esse motivo.

c) Os negros (homens e mulheres) e as mulheres brancas tiveram a mesma taxa de aumento na morte por HIV/Aids.

d) As mortes por causas mal definidas são mais expressivas entre os negros. 

Peça que cada grupo apresente suas observações. Se houver alguma que não se justifica pelos gráficos, ajude o grupo a rever sua conclusão.

Avaliação
Durante a leitura compartilhada, analise o grau de dificuldade da turma em relação a esse tipo de material gráfico. Ao longo da apresentação dos grupos, analise a pertinência das observações feitas.

Além disso, proponha que os grupos respondam por escrito à questão seguinte: Depois de examinar os gráficos e de refletir sobre o que eles apresentam, que explicação você julga haver para a diferença entre as causas predominantes na morte de negros e as predominantes na morte de brancos? Examine posteriormente as respostas dadas e avalie se os alunos fizeram inferências desejadas, abordando questões econômicas, sociais e históricas.

O diagnóstico obtido por esses três instrumentos vai nortear com que frequência a atividade com material gráfico diverso deve ser proposta.

Professora da rede particular e co-autora de livros didáticos.

TRABALHANDO COM POEMAS


TRABALHANDO COM POEMAS
       Mª do Rosário Gomes Germano Maciel
 
Um dos desafios que os professores encontram no cotidiano da sala de aula é o trabalho com o texto poético. As justificativas são inúmeras, desde a ausência de motivação e interesse dos alunos em ler o referido tipo de texto, como à falta de conhecimento, formação dos professores para desenvolver propostas com a poesia.
Desta forma, nos sentimos desafiados a sugerir um roteiro de atividades para o 2º ciclo do Ensino Fundamental a partir do poema “Jogo de Bola” de Cecília Meireles, tendo em vista contribuir com os professores para minimizar esse distanciamento entre a poesia e a sala de aula. Urge que tenhamos a coragem de ousar, criar, sonhar transformar a sala de aula em um espaço de prazer, fruição e criação.
As sugestões propostas a seguir podem ser desenvolvidas durante uma quinzena, mês ou bimestre, dependendo do interesse e da motivação da turma e do professor.
A escolha do poema “Jogo de Bola” da Cecília Meireles se deve ao fato de os alunos do 2º ciclos terem verdadeira paixão pelas brincadeiras com bola, facilitando assim a aproximação das crianças com o poema em análise.
 
1. Objetivos
- Estimular a prática de leitura de poemas;
- Promover a aproximação do aluno com o texto poético; e
- Favorecer o desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, imaginação através da leitura do texto poético.
2. Metodologia:
1º Momento:
Para motivar o início da aula o(a) professor(a) traz para sala de aula uma bola e propõe a brincadeira "Perguntas e Respostas", que consiste em fazer uma pergunta e jogar a bola em direção a uma criança para que ela responda a pergunta. Para começar a brincadeira é importante que o(a) professor(a) faça a pergunta para direcionar a temática que será discutida como por exemplo: Que tipo de jogos eles mais gostam? Por quê? Quais os maiores problemas que eles enfrentam nas partidas? Que jogos participam meninos e meninas? Como eles veem o futebol feminino? O que eles aprendem com os jogos? Quais os melhores jogadores da sala, do colégio, da Paraíba e do Brasil? O que acham dos salários dos jogadores brasileiros? A discussão deve ser ampliada como forma de conhecer o nível de compreensão da turma sobre a temática.
2º Momento:
Distribuição do poema, neste momento o (a) professor(a) distribui o texto sem tecer considerações, apenas orienta que todos leiam silenciosamente uma ou mais vezes. O tempo para a leitura é fundamental para que as crianças se familiarizem com o poema. Posteriormente o(a) professor(a) deve abrir o espaço para realização da leitura em voz alta pelos alunos. Depois, o(a) professor(a) faz a leitura de forma expressiva. Após esse momento de leitura partilhada os(as) alunos(as) são motivados (as) a apresentarem suas impressões, sentimentos, opiniões sobre o poema: O que acharam do texto? Que verso gostaria de destacar? Por quê? Que sentimentos, ideias o poema faz surgir? Quem gostaria de reler algum verso?
JOGO DE BOLA
     Cecília Meireles


A bela bola rola:
A bela bola do Raul
 
Bola amarela
A da Arabela
 
A do Raul
Azul
 
Rola a amarela
E pula a azul
 
A bola é mole
É mole e rola.
 
A bola é bela,
É bela e pula.
 
É bela rola e pula,
É mole , amarela, azul.
 
A de Raul é de Arabela,
E a de Arabela é de Raul.


 
3º Momento
Dividir a turma em grupos com tarefas diversificadas. Nessa situação é importante que se organize o espaço da sala de aula, afastem-se as carteiras para que os grupos sentem no chão e possam desenvolver as atividades propostas.
Trabalho em grupo Descrição da atividade
Grupo1: Montar e ensaiar o jogral (Discutir e distribuir as falas, escolher o cenário, que no caso pode ser um campo. As crianças devem usar a criatividade para transformar a sala de aula em um campo).
Grupo 2: Confeccionar bolas de meias (Trazer o material necessário para construção das bolas de meias e criar um espaço para brincar com elas)
Grupo 3: Copiar as estrofes em cartolinas separadas
Grupo 4: Ilustrar as estrofes com materiais diversificados (Pesquisar algumas ilustrações do poema “ Jogo de Bola”)
3. Outras sugestões:
Para ampliação desse trabalho, sugerimos que o professor (a) traga para a sala de aula outros tipos de textos que abordem a temática jogo de bola, como por exemplo músicas, crônicas e outros tipos de textos.
3.1 Música: É uma Partida de Futebol (Skank)
Essa música aborda a relação entre o futebol e a situação sócio-econômica da maioria da população brasileira. O compositor através de um ritmo que contagia boa parte da juventude consegue mostrar a contradição que existe entre a miséria dos favelados e o sonho que a maioria da população tem de ser jogador de futebol. Essa discussão nos parece pertinente, haja vista que desde cedo precisamos contribuir com a formação de pessoas que pensem criticamente sobre essa realidade para reconstruí-la com base em outros princípios.
É uma partida de Futebol
 
Bola na trave não altera o placar
Sem ninguém para cabecear
Bola na rede para fazer um gol
Como jogador
Quem não sonhou
Em fazer um gol, ser jogador
de futebol?
 
A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda
É uma partida de futebol
 
Posso morrer pelo meu time
Se ele perder, que dor, imenso crime
Posso chorar se ele não ganhar
Mas se ele ganha
 
Não adianta
Não há garganta que não pare de berrar
 
A chuteira veste a meia que veste o pé descalço
O tapete da realeza é verde é o gramado
Olhando para bola eu vejo o sol
Está rolando agora
É uma partida de futebol
 
O meio campo é o lugar dos craques
Que vão levando o time todo para o ataque
O centro avante, o mais importante
Que emocionante
É uma partida de futebol
O meu goleiro é um homem de elástico
Só os dois zagueiros tem as chaves do cadeado
Os laterais fecham a defesa
Mais que beleza, com certeza
É uma partida de futebol.
 
3.2 Música: Bola de Meia Bola de Gude (Milton Nascimento)
Poderemos ouvir a música, depois cantar, conversar sobre as impressões que ela nos traz. Refletir sobre quem é esse menino? Quem é a bruxa? Que verso ou estrofes eles gostariam de destacar ? Escolher uma das estrofes para ilustrar. Explicar os motivos da escolha . Pensar sobre as coisas bonitas que o menino acha que nunca deixarão de existir. Montar um debate com a temática: A Amizade, o respeito, o caráter, a bondade, a alegria e amor sempre irão existir? A escolha dos debatedores será feita pelos alunos. Convidar psicólogos, coordenadores para participar desse momento. Marcar um horário com a turma para jogar bola de gude e bola de meia.
Bola de Meia Bola de Gude


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem para me dá a mão
 
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
 
Ele fala de coisas bonitas
Que eu acredito que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor
Pois o nosso menino
Não quer viver como toda essa gente insiste em viver
Pois não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem
Isso é coisa normal
 
Bola de meia
Bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão
 
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem para me dá a mão.
 


3.3  Crônica: O Torcedor (Carlos Drumond de Andrade)

3.4 Sugestões de atividade para outras disciplinas (trabalho interdisciplinar)

1) Pesquisar a origem do futebol e montar um painel informativo sobre a HISTÓRIA DO FUTEBOL.

2) Localizar no globo o nome dos diversos países onde aconteceram algumas copas do mundo. Registrar e montar um gráfico com os nomes dos países e suas respectivas bandeiras.

3) Convidar um jogador de futebol e ou um técnico para dar uma palestra sobre os seguintes aspectos: trabalho em equipe, regras, disciplina, salário, contratos, entre outras. O roteiro de entrevista deve ser montado previamente pelos alunos e professores.

4) Montar juntamente com os professores de educação física um campeonato na escola.

5) Construir tabelas fazendo a análise das possibilidades com a ajuda dos professores de matemática.

6) Trazer para escola um nutricionista e ou um médico para discutir a temática ESPORTE-SAÚDE-ALIMENTAÇÃO.

7) Pesquisar nomes e regras de jogos com bola que as crianças brincavam antigamente, como por exemplo o jogo de bola de gude. Anotar as regras para comparar com as regras de hoje.

8) Através de eleições escolher o desenho que represente o MASCOTE da escola para as competições externas.

9) Fazer a abertura do campeonato com a apresentação do poema o “Jogo de Bola” que originou todo o trabalho, bem como com a música de Skank.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

PLANO DE AULA: DIGA NÂO AO BULLYING!!!


 

 
Aula retirada : htt://ivanetenunes.blogspot.com.br/2012/03/plano-de-aula-diga-nao-ao-bullying.html
 
Professor (a ) Ivanete Nunes de Oliveira
Anos 6°ao 9°

Duração: 3 aulas ( de uma hora cada )

OBJETIVOS:

# Refletir sobre os valores;

# Refletir sobre o Bullying ( tão presente hoje nas salas de aula )

# Despertar o senso crítico sobre o mal causado pelo preconceito

# Despertar para a valorização de si e dos outros colegas.

RECURSOS UTILIZADOS :

_ Cópias do texto : EU E O ESPELHO

_ História : O PATINHO FEIO e/ou o VÍDEO

_ Levar para a sala um espelho

_ DINÃMICA DO ESPELHO

ESTRATÉGIAS

# Motivar os alunos ( vocês devem pensar em alguém que lhes seja de grande significado )

# Utilização da DINÂMICA “”O ESPELHO “”Participantes: 10 a 20 pessoas

Tempo estimado :  30 minutos

Material: Um espelho escondido dentro de uma caixa, de modo que ao abri-la o integrante veja seu próprio reflexo.

Descrição: O coordenador motiva o grupo:

"Cada um pense em alguém que lhe seja de grande significado. Uma pessoa muito importante para você, a quem gostaria de dedicar a maior atenção em todos os momentos, alguém que você ama de verdade... com quem estabeleceu íntima comunhão... que merece todo seu cuidado, com quem está sintonizado permanentemente... Entre em contato com esta pessoa, com os motivos que a tornam tão amada por você, que fazem dela o grande sentido da sua vida..." Deve ser criado um ambiente que propicie momentos individuais de reflexão, inclusive com o auxílio de alguma música de meditação. Após estes momentos de reflexão, o coordenador deve continuar: "... Agora vocês vão encontrar-se aqui, frente a frente com esta pessoa que é o grande significado de sua vida".Em seguida, o coordenador orienta para que os integrantes se dirijam ao local onde está a caixa (um por vez).

Todos devem olhar o conteúdo e voltar silenciosamente para seu lugar, continuando a reflexão sem se comunicar com os demais. Finalmente é aberto o debate para que todos partilhem seus sentimentos, suas reflexões e conclusões sobre esta pessoa tão especial. É importante debater sobre os objetivos da dinâmica.

EXPOSIÇÃO DO VÍDEO DO YOUTUBE: O PATINHO FEIO

Na história do patinho feio, o autor descreve um universo de agressividade, desdém, preconceito e intolerância, que um ser vive constantemente diminuído, por não conhecer sua essência, sua beleza própria e sua verdade interior. Por ser diferente dos outros de sua espécie o patinho é desacreditado, colocado ao ridículo, perde a autoconfiança e suas perspectivas de futuro são destruídas.

Na vida real, comparando a história do patinho, com as diferenças, o preconceito de cor, gênero, credo ou classe social seja em casa, seja na escola Chalita diz que temos a responsabilidade e o dever de orientar nossas crianças e jovens, para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas ou intolerantes só colaboram para a degradação das relações e para o desentendimento entre as pessoas.

DEBATE SOBRE O VÍDEO (Palavra Facultada )

LEITURA COLETIVA DO TEXTO “ EU E O ESPELHO “

Um homem muito desanimado entrou na igreja, ajoelhou-se e falou com Deus:

- Senhor, aqui estou porque nas igrejas não há espelhos. Sou feio e nunca me senti satisfeito com a minha aparência.

Subitamente uma folha de papel caiu aos pés dele, vinha do alto do templo. Atônito ele a apanhou e viu a seguinte mensagem: a feiura é invenção dos homens e não minha.

Não importa se os braços são longos ou curtos. Sua função é o desempenho do trabalho honesto.

Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é dar e receber o bem.

Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humildade.

Não importa se a cabeça tem ou não cabelo, mas sim os pensamentos que passam por ela.

Não importa a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida.

Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativo. O que importa são as palavras que saem dela. Atônito o homem foi saindo da igreja e na porta de vidro viu o seu reflexo. E ali estava escrito: Veja com bons olhos seu reflexo neste vidro e lembre-se que em tudo que existe escrito sobre mim, não há uma única linha dizendo que sou bonito. Olhe-se no espelho e veja a beleza que há dentro de você.

REFLEXÂO (Comentários dos alunos)

AVALIAÇÂO:

Avaliação foi contínua,

Observação da participação dos alunos: Interatividade, Motivação, Criatividade, produção de um texto, interesse e Aprendizagem.

REFERÊNCIAS;

_CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor: a contribuição de histórias universais para a formação de valores das Histórias Infantis.

10 passos para o ensino da história indígena


10 passos para o ensino da história indígena

Entenda a lei 11 645 e veja o que a escola do seu filho tem feito dentro e fora das salas de aula para cumpri-la

 

13/04/0201 13:59
Texto
Mariana Queen








Importante valorizar a diversidade cultural no Brasil, onde os indígenas correspondem a aproximadamente 0,5% da população

Se você ainda acha que o Brasil foi descoberto em 1500, precisa rever seus conceitos. A história e a cultura deste pedaço de terra à leste de Tordesilhas começou bem antes da chegada das naus portuguesas. E é esta consciência de que o Brasil é anterior a Pedro Álvares Cabral que a escola precisa discutir. É o que prevê a lei 11 645 , que obriga o estudo da história e cultura indígenas em todas as escolas nacionais de Ensino Fundamental e Médio, desde 2008.

A lei 11.645 acrescentou a obrigatoriedade do ensino da cultura e história indígena à lei 10.639, de 2003, responsável por inserir a história afro-brasileira e africana nos currículos escolares. A intenção é fazer com que as questões indígenas e afro-brasileiras sejam abordadas em disciplinas como Educação Artística, Literatura e, claro, História do Brasil.

Sabendo da existência e da importância da lei 11.645, vale ficar de olho no que as instituições de ensino estão fazendo para cumpri-la. Veja abaixo o que a escola do seu filho pode fazer para abordar o conteúdo nas salas de aula e como você, pai, pode contribuir com o processo.


Por que ela mostra a importância dos indígenas para a construção da identidade brasileira. Apesar serem hoje poucos no país, os indígenas influenciaram - e muito - a cultura de todos os brasileiros. "Ninguém vive isolado absolutamente, fechado entre muros de uma fortaleza. Em qualquer caso, os povos se influenciam mutuamente", diz o professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sobre a chamada interculturalidade brasileira. E o que é a interculturalidade? É justamente o resultado da relação entre culturas, como aconteceu no Brasil entre os indígenas, os africanos e os europeus.


Segundo o Censo 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem no Brasil mais de 734 mil índios. "A estimativa é de que, atualmente, tenha no país cerca de um milhão de indígenas; aproximadamente 0,5 % da população brasileira", diz o professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da UERG. Esses índios se distribuem entre quase 230 povos, que falam 188 línguas diferentes. Os números espantam quando se considera os quase 6 milhões de indígenas que existiam em nosso país antes da chegada dos colonizadores.


Porque ela diz respeito à história de todos os brasileiros. Como já dissemos, apesar de serem relativamente poucos no Brasil, os indígenas tiveram grande influencia na cultura do país. "Grande parte da população brasileira carrega o sangue indígena em sua formação familiar. Além disso, vivemos diariamente as influências indígenas em nossas vidas; nas brincadeiras, nos tipos de alimentos que comemos etc", diz a professora Andrea Sales, pedagoga e colaboradora do núcleo de pesquisas Proíndio da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Portanto, preservar a história indígena é manter viva parte da história do povo brasileiro. E é importante reconhecer as origens culturais do Brasil de maneira pedagógica. Garantir esses temas na educação básica permite uma aprendizagem baseada no respeito e na valorização das diferentes culturais.


Uma das formas é participar do Conselho Escolar e opinar no projeto pedagógico da instituição junto com os professores e gestores de ensino. Fique atento: a lei 11 645 diz que os conteúdos referentes à história e cultura indígena e afro-brasileira devem ser ministrados em todo currículo escolar. Especialmente nas disciplinas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira. Em caso de negligência da escola, é indicado entrar em contato com a Secretaria Municipal ou Estadual da Educação de sua região.


A família tem muito a contribuir para a formação dos alunos juntamente com os princípios da lei 11 645. Afinal, se o conteúdo tratado nas escolas não for valorizado dentro de casa, parte do aprendizado do seu filho sobre o assunto poderá ficar comprometida. No Colégio Friburgo, de São Paulo, o procedimento é mandar cartas para os pais explicando a atuação da escola, antes mesmo da abordagem de determinados temas. Segundo a coordenadora da escola, Eni Spimpolo, muitos pais dão retorno. "Uma vez, um pai que já tinha ido ao Parque Nacional do Xingu [reserva indígena, no Mato Grosso do Sul] pegou os materiais que tinha trazido da viagem e veio à escola dar uma palestra sobre o tema para as crianças", conta. O exemplo é aprovado por educadores. Muitos recomendam a colaboração dos pais com sugestões e disponibilização de conteúdos próprios para a escola do filho.

 


 

Saídas a campo são alternativas mais ousadas para abordar a história e a cultura indígena de maneira diferenciada. Além de teatros e museus, que tal conhecer diretamente a cultura indígena? Confira os lugares recomendados pelos especialistas.



- Centro de Lazer e Cultura Toca da Raposa



O Centro de Lazer e Cultura Toca da Raposa, em Juquitiba, São Paulo, foi fundado há 15 anos e tem a intenção de abordar temas ambientais sobre a Mata Atlântica no Brasil. No espaço, durante os meses de abril e maio, acontece um intercâmbio cultural entre os indígenas e estudantes para celebrar o mês do Dia do Índio (19). A partir da visita, os alunos aprendem um pouco da cultura dos indígenas entrando em contato com instrumentos de caça desse povo e assistindo a uma apresentação dos indígenas em uma aldeia cenográfica. Em São Paulo, os alunos do Colégio Friburgo experimentaram o passeio. Os estudantes aprenderam com profundidade sobre a tribo dos Kuikuros do Parque Nacional do Xingu, no estado do Mato Grosso. "As crianças participam de danças típicas e aprendem novas palavras de origem indígena presentes no português. Kuikuiro, por exemplo, é 'peixinho pequeno'", conta Eni Spimpolo, coordenadora do Ensino Fundamental do colégio. As escolas interessadas devem ligar para o Centro e agendar as visitas. Toca da Raposa Centro de Lazer e Cultura - Rodovia Régis Bittencourt Km 323 - Bairro das Senhorinhas, Juquitiba - SP - Telefone: (11) 4681-2854| Ingresso: R$ 75,00 (visitação para escolas - café da manhã + almoço+ lanche e monitoria em tempo integral); R$ 40, 00 (a partir dos cinco anos); R$ 30,00 (crenças de três a quatro anos. Crianças até dois anos de idade não pagam a entrada | Horário: Segunda a sexta-feira (apenas visitação escolar), das 8h30 às 16h30. Sábados, domingos e feriados o Centro de Lazer e Cultura Toca da Raposa é abertos a todos os públicos | Temporada: de 27de março a 22 de maio| Site: www.tocadaraposa.com.br

- Museu do Índio - CICI (Centro de Informação da Cultura Indígena) - São Paulo

No Museu do Índio - CICI (Centro de Informação da Cultura Indígena), em Embu das Artes, São Paulo, as crianças podem ter contato com objetos usados pelos indígenas das regiões Centro-Oeste e amazônica, como brinquedos, adornos, utensílios domésticos e uma zarabatana (instrumento artesanal indígena) com mais de 4 metros de comprimento. O Museu é resultado de 42 anos de pesquisa do artista Walde Mar de Andrade e Silva, de 78 anos. "Após lei de 2008, as escolas passaram a incentivar mais a vinda dos alunos ao Museu", conta o fundador. As visitas podem ser feitas com ou sem monitoramento. Há também a opção de agendamento de uma palestra para os alunos como parte do passeio. Os preços variam conforme os pacotes. Museu do Índio - Rua da Matriz, 54, Centro de Embu das Artes, São Paulo - Telefone: (11) 4704-3278 Ingresso: R$ 3 (visita simples); R$ 8 (visita monitora) e R$ 15 (visita monitorada + palestra) Horário: terça-feira a domingo, das 10h às18h



- Museu do Índio Funai - RJ



Esse é o museu oficial do indígena no Brasil. Foi criado em 1953, pelo famoso antropólogo Darci Ribeiro. Hoje, compreende um dos maiores acervos da América Latina sobre a história e cultura das sociedades indígenas contemporâneas. São mais de 68 mil documentos audiovisuais e mais de 125 mil textuais. Escolas públicas, instituições filantrópicas e ONGs não pagam ingresso. Para obter a gratuidade é preciso apresentar um ofício de identificação no dia da visita. O site do Museu oferece um sistema de Pesquisa Escolar que permite a professores, alunos e pais ter acesso a conteúdos específicos sobre questões indígenas. Vale conferir! Museu do Índio - Rua das Palmeiras, 55, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ - Telefones: (21) 3214-8702; (21) 3214-8705; (21) 3214-8729 ou (21) 3214-8730| Ingresso: R$ 3,00 (terça-feira a sábado). Aos domingos, a visitação é gratuita. Estudantes da rede pública e pessoas acima de 65 anos têm entrada franca| Horário: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30 | Site: www.museudoindio.gov.br | E-mail:
atividade@museudoindio.gov.br

 

 


O professor pode partir da curiosidade dos estudantes sobre o assunto, por exemplo. Será que eles sabem das marcas que as línguas indígenas deixaram no português do dia a dia? Explorar a diversidade linguística - a chamada glotodiversidade - pode ser divertido e curioso. Palavras como carioca (casa de branco) e ipanema (rio de pouco peixe) terão novos valores para os estudantes. "Segundo um lingüista do IEL [Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp], o 'R' que falamos no 'linguajar caipira' - chamado pelos pesquisadores de 'R' retroflexo-, por exemplo, é um som que tem origem em uma língua indígena falada no interior de São Paulo", conta o professor-coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da UERG, José Ribamar Bessa Freire.

 

Além disso, a abordagem de políticas públicas de inclusão e proteção aos povos oprimidos também é uma boa alternativa. Um ponto de partida, conta a coordenadora do Colégio Friburgo, Eni Spimpolo, é o estudo da atuação dos
irmãos Vilas Boas no país - sertanistas que contribuíram com a criação de postos de assistência aos índios, na região central do Brasil, durante a década de 1940. "Falamos com aos alunos sobre as transformações culturais que os povos indígenas sofreram a partir do contato com o 'homem branco'", diz Eni, provando que a contextualização do conteúdo é importante para o aprendizado.



A música também é uma ótima estratégia para o aluno memorizar conteúdos. E quanto mais novo for o estudante, mais fácil a memorização. No Colégio Vértice, os alunos utilizam instrumentos típicos de tribos indígenas nas aulas de música. "Exploramos também a arte, a comida, a roupa, o tipo de trabalho e o lazer dos indígenas", conta Ana Maria Gouveia Bertoni, diretora pedagógica da escola.

 


A diferença de recursos entre escolas públicas e particulares, a falta de formação de professores sobre o tema tratado pela lei e a abordagem por vezes estereotipada da história e cultura indígena nos livros didáticos são algumas das dificuldades apontadas por educadores para a real implantação da lei 11645 nas escolas. O MEC (Ministério da Educação) reconhece esses empecilhos e divulga que o documento final da I Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, realizada em 2009, recomenda algumas medidas para mudar esse quadro. Segundo as resoluções, o Ministério e as Secretarias de Educação devem garantir e ampliar recursos financeiros para a produção, avaliação, publicação e distribuição de materiais específicos relacionados à lei. Entretanto, ainda não se tem notícias da elaboração das "Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Indígena", como ocorreu com o conteúdo afro-brasileiro e africano a partir da lei 10 639.


A dificuldade para uma resposta exata a essa pergunta ocorre por conta da formação dos professores brasileiros. Sabe-se que a maioria deles não tem experiência profunda no ensino da história e da cultura indígena. Apesar disso, segundo a professora Rachel de Oliveira, especialista em relações raciais na educação da Universidade de Santa Cruz, na Bahia, o Estatuto da Pedagogia diz que o professor é obrigado a saber ensinar conteúdos sobre questões étnicas. "O professor deve repensar sua prática em sala de aula. Não se deve incentivar, por exemplo, apenas festas em que os alunos se pintem de 'índio' e saiam dançando como 'índio'", diz Rachel. Ela alerta para que os professores fiquem atentos à utilização de expressões pejorativas, como isso "parece coisa de índio" em sala.


As DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação) têm a função de orientar e obrigar o ensino de temas específicos nas escolas. Mas, até o momento, o MEC não divulgou Diretrizes Curriculares relacionadas ao ensino da cultura e história indígena. Para José Ribamar Bessa Freire, professor-coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é necessário elaborar uma documentação ampla sobre o ensino indígena para a orientação dos educadores. Como alternativa, o professor indica a Referencia Curricular Nacional para Escolas Indígenas produzida pelo MEC. Apesar do documento ser direcionado para escolas que educam os jovens índios, o seu conteúdo pode servir de exemplo para as demais instituições de ensino. "O que os índios estão fazendo com a escola pode ajudar o sistema nacional de educação a rever um pouco a prática da lei 11 645", diz Freire. Muitos educadores reclamam da falta de livros didáticos para a abordagem do que se exige nas leis 11 645 e 10 639. "O governo precisa assumir que ter acesso a materiais literários sobre esses temas é tão fundamental quanto a própria alfabetização", opina Rachel de Oliveira, especialista em relações raciais na educação da Universidade de Santa Cruz, na Bahia. Segundo ela, a produção de livros independentes de literatura indígena vem crescendo no Brasil - e essa pode ser uma boa alternativa para as aulas. Para momentos difíceis em sala, a professora indica a abordagem de questões como a solidariedade e a opressão sobre o outro, base da chamada Pedagogia do oprimido de Paulo Freire .