terça-feira, 23 de agosto de 2011

ARQUIVO PESSOAL - RESENHA CRITICA

BRANDÃO, Zaia(org). A crise dos paradigmas e a educação – 8 ed – São Paulo. Cortez,2002. P.104.

                                                  *Kelly Chrystine Guedes Levy


A autora Rosaly Hermengarda Lima Brandão é uma referência para os profissionais de educação no Brasil. Conhecida no meio acadêmico como Zaia Brandão. Professora universitária, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio e ganhadora do Prêmio "Cientistas do Nosso Estado" de 2002.

Zaia Brandão também é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e ao longo de sua carreira publicou vários títulos, entre eles: A crise dos paradigmas e a educação (Cortez Editora) e Democratização do Ensino: meta ou mito? (Francisco Alves).

Brandão, como organizadora desta obra apresenta textos que serviram de base para o debate ocorrido durante o Seminário A crise dos paradigmas e a educação, que permitiu discussões de especialistas da área de Ciências Humanas e Sociais e profissionais da Educação. Que trocaram posicionamentos sobre a quebra do paradigma e suas conseqüências no campo da educação e da construção do conhecimento.

Na apresentação Zaia Brandão, faz algumas reflexões sobre as tarefas da Educação como produtora de conhecimento e orientação para as populações, nesta fase de crise, transição, metamorfose. Oriunda da era do conhecimento que teve como ponto chave a nova organização social fruto do desenvolvimento da tecnologia da informática e da cibernética, que promove a necessidade de mudanças no paradigma-instrumento e uma nova arrumação do paradigma produto de forma mais integrada e complementar, com "pontes" para a circulação interdisciplinar (e não com trincheiras para impedir o acesso). Mas será possível escapar ao condicionamento da cultura fragmentária e comercial, pregada diariamente do alto das torres de televisão, mantida pelas supervigilantes redes informatizadas dos banqueiros, multinacionais e patrulhada pelos serviços secretos de informação dos Estados?

A obra é composta pela síntese de diferentes abordagens, através de diversos autores. O primeiro é Danilo Marcondes no qual aborda a crise de paradigmas e o surgimento da modernidade, situa o leitor em relação a paradigma do ponto de vista com acepção clássica e do contemporâneo, realizando uma incursão pela história da ciência visando um maior esclarecimento do assunto abordado.

“De acordo a Platão, “ um paradigma é um tipo exemplar que se encontra em um mundo abstrato e do qual existem instâncias, como cópias imperfeitas , em nosso mundo concreto.” Na definição de Thomas Kuhn em sua obra A Estrutura Estrutura das Revoluções Científicas entende “ que paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade cientifica compartilham” Em ambas concepções tem um caráter exemplar a função normativa.

Portanto a crise de um paradigma é a insatisfação com o modelo estabelecido e uma mudança conceitual da visão de mundo. Quando as mesmas são radicais são fruto de revoluções cientificas. Que para Kuhn são proeminentes de causas internas ou externas, sendo a primeira fruto do desenvolvimento teórico e metodológico dentro de uma mesma teoria. As causas externas são mudanças da sociedade e da cultura em determinada época.

O segundo texto foi elaborado por Carlos Alberto Plastino e intitulado A crise dos paradigmas e a crise do conceito paradigma

É um livro a nível epistemológico, de crítica e discussão da construção do conhecimento, seus métodos, seu condicionamento histórico e geográfico e

suas aplicações na organização do ecossistema planetário. Porém pouco é mostrado sobre os esaforços que estão fazendo para a superação dessa crise. Vale ressaltar que a UNESCO desde 1987, no encontro de Veneza, vem estimulando não só a integração interdisciplinar, mas também a transdisciplinar; não só entre as formas de conhecimento e de orientação dadas pelas disciplinas acadêmicas, mas também pelas tradições espirituais de cunho místico, bem como da arte (exemplos disso são: Fritjoff Capra, David Bohm e Krishnamurti etc.). O livro não menciona um seminário similar dirigido por Cremilda Medina, com os resultados publicados pela ECA/USP: Novo Pacto da Ciência - A Crise dos Paradigmas (1990-1991), do qual já saiu o segundo volume, e está previsto o terceiro e último. Não analisou, sequer citou na bibliografia, as experiências e publicações da Universidade Holística Internacional (Brasília), dirigida por Pierre Weil, e as experiências e publicações da Cibernética Social, que são contribuições brasileiras

A busca de uma nova identidade da Educação vem possibilitando um novo olhar através de questionamento da receita cartesiana, com disciplinas excludentes que possibilita mais a exclusão de que a inclusão do cidadão diante da era da informática, mesmo que concretizada como ciência independente, autossuficiente, cotidianizada no currículo por disciplinas cartesianas que pouco têm a ver com a vida, tornando a sala de aula um local distante da realidade do educando. A obra tem grande mérito de alimentar o debate e instigar a busca e a criação de alternativas para a crise.


*Tutora do Curso de Licenciatura em Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FTC - EaD); Coordenadora do Município de Rio Real/BA e Professora de Matemática do Estado da Bahia. Pós graduada em: Gestão Educacional (FTC Faculdade de Ciências e Tecnologia); Psicopedagogia Escolar(Faculdade Montenegro); Educação de Jovens e Adultos ( UNEB – Universidade do Estado da Bahia). Graduada em Pedagogia (UFBA – Universidade Federal da Bahia)




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