quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como fazer uma monografia

Nem mesmo um livro inteiro esgotaria todas as possibilidades sugeridas pelo título deste artigo: como fazer uma monografia. Mas, podemos sitematizar alguns passos sobre como realizar esta tarefa, sobretudo àqueles que se encontram sem nenhuma idéia de como proceder.

1º passo - Clareza sobre o tema

A idéia clara e precisa do que se pretende estudar já é um excelente início para se escrever uma monografia. Não estou me referindo ao assunto, mas sim ao tema da pesquisa. O assunto sugere uma área de interesse, o que sempre traz inúmeras possibilidades, sendo amplo demais. Para se fazer uma monografia é preciso ter um tema, um assunto delimitado. Deve-se lembrar que monografia quer dizer estudo sobre um único tema, portanto é conveniente fugir de temas que se bifurquem e que ensejariam duas pesquisas e não apenas uma (o que, aliás, já é suficientemente trabalhoso). Para se delimitar um tema de pesquisa existem alguns critérios que precisam ser observados.
2º passo - Levantamento bibliográfico

Uma monografia só começa a se materializar quando deixamos de lado um pouco as elocubrações sobre a escolha do tema e partimos para a ação, indo às fontes para delinear melhor nosso estudo. Como fazer isto? Não há outro caminho a não ser o de se elaborar um levantamento de livros, artigos e teses que já trataram do mesmo tema ou pelo menos do mesmo assunto que o da nossa monografia. Esse levantamento será fundamental para verificarmos, na prática, se existe material suficiente para dar suporte a nosso estudo ou não, bem como para mapear como o mesmo vem sendo estudado por outros pesquisadores, dando uma idéia exata do estado da questão de nosso objeto. Deve-se ainda fazer um registro de todas as obras encontradas sobre o tema em fichas. As fichas, que devem conter as referências bibliográficas da obra, bem como a indicação de onde podemos encontrá-la para consulta, nos ajudarão depois, no momento de leitura e coleta dos dados.

3º passo - Problematização

Toda pesquisa é norteada por uma pergunta que pretendemos responder. Pergunta sobre a causa de um determinado fenômeno ou sobre o seu comportamento. De posse dos dados iniciais coletados no levantamento bibliográfico e orientados pela delimitação do tema, então precisamos tornar claro o nosso problema de pesquisa. Para problematizar um objeto, é necessário transformar em pergunta (que possa ser respondida por meio de pesquisa) o tema que nos propusemos a estudar.

4º passo - Sumário provisório

Tendo já definido nosso objeto de estudo (o tema devidamente delimitado e problematizado), passemos então à redação do sumário provisório. Todo autor antes de escrever um livro redige uma lista de assuntos que serão tratados nos capítulos. Tal lista ajudará na hora da redação. Pois bem, antes de escrevermos nossa monografia é preciso planejar os assuntos que serão tratados nos seus capítulos. Isto é feito como num sumário de livro, com a diferença que esse nosso esqueleto será ainda provisório. Muito bem, numa folha ou mesmo no computador escreva o título de sua monografia, na sequência um rápido resumo de sua delimitação e problematização. Em seguida, relacione os títulos provisórios dos assuntos que serão abordados nos capítulos, enumerando-os. É bastante útil que cada capítulo planejado seja subdividido em itens. Exemplo:

Título

Tema

Delimitação

Problema

Cap. 1

1.1

1.2

1.3

Cap. 2

2.1

2.2

2.3

Cap. 3

(...)

Cap. 4

(...)

À medida que o estudo avançar, serão feitas alterações neste plano provisório, mas ele nos auxiliará nas etapas seguintes do trabalho.

5º passo - Coleta de dados

Quando sabemos com precisão onde queremos chegar e o que pretendemns estudar, fica mais simples realizar a tarefa da coleta de dados. É a pesquisa propriamente dita. Nesta fase levantaremos todas as informações necessárias para responder à pergunta-problema e desenvolver nossa monografia. Podemos buscar os dados em diversas fontes, como na observação de experimentos, no levantamento de dados em campo, por meio de questionários e entrevistas e ainda por meio da leitura exaustiva da bibliografia arrolada na etapa do levantamento bibliográfico. Toda a bibliografia selecionada deve ser lida e fichada. No fichamento, anotaremos as informações que mais nos interessam para o desenvolvimento da monografia. É importante anotarmos também, em fichas ou folhas avulsas, as idéias que forem surgindo da leitura. Essas fichas conterão apenas nossa reflexão sobre o assunto, não se tratando de uma cópia do pensamento dos autores estudados.

6º passo - Redação do trabalho

Com a posse de todos os fichamentos de leitura e de idéias e os dados levantados em nosso estudo de caso, passaremos agora à escrita propriamente da monografia. Antes de escrevermos, iremos reorganizar o sumário provisório, de acordo com o material que conseguimos agrupar. Uma boa estratégia é criar uma pasta (do tipo pasta-catálogo). Cada repartição será destinada a um dos capítulos. Nesses compartimentos nós iremos distribuir nossos fichamentos. Assim, para cada capítulo teremos o planejamento dos itens que serão tratados e do respectivo material pesquisado. Depois dessa organização, passamos à escrita do trabalho, lembrando que a monografia deve apresentar os resultados da pesquisa realizada e que os dados ali indicados visam a responder um problema. Não se esqueça de que as citações bibliográficas e a própria formatação do trabalho devem obedecer a normas técnicas da instituição onde o trabalho será apresentado e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Como dissemos no início, impossível esgotar um assunto como este. Mas, espero ter contribuído de alguma forma para aqueles que querem iniciar sua monografia mas que não sabiam ao certo como fazê-lo.

Postado por José Artur Teixeira Gonçalves

Formulação do problema



A problematização - etapa do planejamento científico que mais costuma tirar a noite de sono dos pesquisadores, sobretudo dos iniciantes - nada mais é do que a proposição de uma questão que se buscará responder por meio de pesquisa. Em outras palavras, problema é a pergunta que a pesquisa pretende resolver.

Pelo que tenho visto, a dificuldade maior da problematização pelos estudantes decorre mais pela falta de maturidade ou de conhecimento do tema, do que pela dificuldade própria de construção do problema. Um tema bem delimitado e uma revisão sistemática da bibliografia já anunciam para o pleno êxito na formulação de um problema de pesquisa.

Não adianta, entretanto, querer pular etapa e ir direto ao problema, já que este resulta de um processo de amadurecimento e reflexão sobre um assunto, que depois se tornará um tema, até se chegar à problemática.

Do ponto de vista metodológico, um problema de pesquisa deve atender a alguns requisitos. Como sugere Gil (2002), um problema deve ser:

a) claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não podem causar ambiguidades ou dúvidas);

b) empírico, isto é, observável na realidade, que pode ser captado pela observação do cientista social através de técnicas e métodos apropriados;

c) delimitado;

d) passível de solução (é necessário que haja maneira de produzir uma solução para o problema dentro de critérios metodológicos e de cientificidade).

As quatro dimensões citadas acima devem ser usadas como um crivo para o pesquisador examinar a consistência do seu problema. Antes de formulá-lo no papel, seria oportuno questionar-se: o problema, nos termos que o coloco, é claro? trata-se de questão passível de solução? é delimitado? é empírico?

Para formular o problema, devemos transformar o tema em uma pergunta. Por isso, o melhor caminho para a redação da problemática no corpo do texto do projeto é utilizar uma de frase interrogativa.

Em geral, os pesquisadores em ciências sociais e nas ciências naturais têm em mente perguntas de relação causal ou aquelas que visam conceituar e descrever a ocorrência de um determinado fenômeno.

O que é e como ocorre o fenômeno? Por que ele se manifesta? Quais são seus efeitos e impactos? Estas são algumas das formulações lógicas que podem orientar uma problematização, dependendo, é claro, do objetivo do pesquisador. Uma pesquisa que investigue a relação causal, por exemplo, terá que questionar acerca da causa do fenômeno e não sobre como o mesmo se dá. Este último enfoque resultaria em uma pesquisa descritiva e não explicativa.

A experiência tem mostrado que a utilização dos critérios mencionados acima gera resultados satisfatórios. No entanto, é necessário que se repita: o problema resulta de um trabalho arduamente desenvolvido pelo pesquisador e não surge do vácuo.

Postado por José Artur Teixeira Gonçalves às 13:00

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