sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dicas para projetos de educação e ação ambiental




Projetos Pedagógicos

O debate mundial desperta um chamado ante a degradação do planeta. Professores e coordenadores de grupos são convidados a pensar a questão num processo em que aprender junto é melhor que aprender sozinho. Para isso, uma das boas alternativas é desenvolver um projeto ecológico comunitário.
Organizar um projeto desafia muita gente. No entanto, devido à multiplicidade de aspectos do tema, é preciso pensar bem a questão, o que exige tempo e paciência. O planejamento deve considerar que vai envolver um bom tempo. Evite restringir o trabalho a um único dia. Por melhor que sejam as intenções, o evento pode gerar mais lixo e perturbação ambiental que a contribuição pretendida pelos envolvidos.

Cuidar do que está próximo

A questão ambiental pede um envolvimento para toda a vida em gestos, modo de pensar e na nossa relação com as pessoas e seres ao nosso redor. O projeto pode mexer com conceitos arraigados do grupo e da comunidade. Também pode contrariar interesses econômicos e políticos e questionar valores, gerando reações inesperadas dos envolvidos.
É preciso estar preparado quanto às expectativas de resultados. Nem sempre se vai mudar o mundo de forma radical. Se o trabalho contribuir para mudar os envolvidos já terá um grande mérito e êxito. Mas isto não significa que não se deva tentar.
Embora haja muito apelo para tratarmos dos temas globais, é importante perceber que os grandes temas têm reflexos bem perto de nós. Podemos usar tais questões mundiais, mas o assunto ganhará mais interesse se for algo próximo dos envolvidos. A poluição das águas do planeta aparece no arroio, igarapé, lago ou baía próximo e permite atividades concretas que são mobilizadoras.
Tema, pesquisa, ação...
Pode-se começar com um encontro para definir o foco da ação. É importante considerar o que mobiliza as pessoas. A liderança do trabalho deve ser de humildade para não impor seu tema, sendo sensível para reconhecer o que motiva o grupo. O tema pode ser muito variado, mas a definição deve ser bem amadurecida.
Definido o tema, é preciso prever um período mínimo de algumas semanas de ação. Comece reconhecendo o terreno e registrando a situação por vários meios. Em seguida é interessante avaliar esta primeira impressão para começar a aprofundar a questão. Nesse momento, podemos ir em busca do conhecimento acumulado sobre o assunto. Pesquisa com pessoas da comunidade para saber a origem da situação, literatura, internet, órgãos públicos, universidades e escolas especializadas podem ser consultados.
Um evento, com pessoa de notório saber (da comunidade ou convidada), é interessante para tirar dúvidas. Em alguns casos, um projeto pode encerrar nesta etapa.
Se o grupo sentir necessidade de buscar soluções para os problemas verificados, surge a possibilidade de um segundo momento do processo. Às vezes o problema é tão gritante que dispensa a etapa de motivação e há grande ansiedade para resolver a questão. Mesmo nestes casos, nunca se deve esquecer a etapa de reconhecimento para que equívocos não sejam cometidos.
É bom avaliar se o grupo quer prosseguir. Pessoas podem querer sair, outras entrar. Uma ação frente à realidade verificada é mais difícil e tem maior risco de frustração. O grupo deve preparar-se para este fato. A ação resolutiva começa pela identificação de soluções. O projeto pode evoluir para a conscientização da comunidade. Pode-se valer de uma passeata, produzir um jornal, um programa de rádio, um seminário ou visitas domiciliares.
Neste momento, a equipe deve ensinar e saber ouvir o que as pessoas têm a dizer. Nem sempre é falta de consciência, mas de meios ou estratégias para envolver as pessoas na solução da questão. Pode haver histórico de frustrações para o problema que levam ao imobilismo de alguns.
Também é possível que surja a compreensão de que será preciso um trabalho envolvendo outros atores de fora da escola ou comunidade, tais como prefeituras, ONGs, universidades, órgãos públicos e privados. É preciso construir uma agenda com esses órgãos na busca da solução.
Pressão organizada tem mais força quando a solução depende de iniciativa maior. Nestes casos é bom buscar apoio da mídia para divulgar o trabalho. Isto fortalece a autoestima das pessoas e aumenta as chances de resolver a questão.
Se o trabalho tornar-se perene, é preciso estar atento para a renovação das pessoas envolvidas na ação. Numa escola, os alunos passam e novos grupos devem ser iniciados para absorver a experiência dos mais velhos, buscando seus próprios caminhos no processo. Pode-se criar um grupo de defesa da causa, que assume a tarefa ao longo do tempo.
O trabalho tende a ser permanente e a desdobrar-se por rumos difíceis de serem previstos. Mas é capaz de oportunizar processos de crescimento pessoal e comunitário, decorrentes tanto dos sucessos quanto dos fracassos. São desafios que mexem com os envolvidos e têm potencial de transformar a vida de todos, o que engrandece e dá certeza de que se está fazendo algo para o bem de todo o planeta.
 
Arno Kayser agrônomo, ecologista e escritor. arnokayser@ig.com.br
Projeto Pedagógico publicado na edição nº 384, jornal Mundo Jovem, março de 2008, página 3.




Resumindo...
  • 1 - Escolher um tema próximo;
    2 - Definir o foco da ação;
    3 - Início da ação: conhecimento e registro;
    4 - Aprofundamento: busca de maior conhecimento sobre o assunto;
    5 - Identificação das soluções e conscientização da comunidade;
    6 - Comunicação: divulgar o que está sendo feito;
    7 - Renovar a equipe para o trabalho seguir em frente.
     

UM TECIDO QUE SE ELABORA






A comunidade é como um tecido que se elabora, um tecido do qual não sei o que aparecerá, mas, que se tece ao nosso redor, pouco a pouco, sem modelo, sem desenho complicado.
Neste tecido eu posso ser o fio, um traço colorido... Azul profundo?
Vermelho vivo? Ou então um fio de linha cinzento.
Esta última cor,dizem os tecelões, é a mais importante. O cinza neutro de
Todos os dias, aquele que dá vida e ele é portador de harmonia.
Ter, apenas a minha própria cor e disto me regozijar, para que ela irradie
Alegria e não rivalidade, como se eu, sendo azul, fosse inimigo do verde...
Como se eu mesmo fosse teu adversário.
E os que não querem entrar conosco na tecelagem?
Irei precedê-los, oferecer-lhes o lugar, para que eles venham livremente,
Com suas próprias cores, misturar-se ao desenho!
Há sempre um lugar para todos.  E cada fio vem trazer uma continuidade:
Não só aqueles que deram origem ao trabalho e que foram estendidos de
Uma trave a outra do tear.
Cada fio, mesmo sendo o mais luminoso, pode desaparecer entre os que
Compõem o tecido. Entretanto, ele aí está bem aberto, ainda que nossos
Olhos não mais o percebam.
Agora, é a vez do meu fio ser lançado, no tecido.
Quando a sua presença se tornar invisível, então toda harmonia aparecerá,
Harmonia de minha cor misturada a todas as outras, suas companheiras, até que ela desaparecerá.
Não sei o que advirá dessa tecelagem.
Será que chegarei a sabê-lo?

 (...)

       PISTAS PARA REFLEXÃO
1.Estou disposto a fazer parte deste tecido?
2.Pretendo ser um fio que dar brilho ou que ofusca o tecido?
3.Quais as consequências daqueles que não aceitam entrar na grande tecelagem da vida?
4. Como fazer para tornar importante todos os fios do tecido do nosso tecido daqui em diante?

MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO: COMO PROCESSO DE MELHORIA DA QUALIDADE DE ENSINO O monitoramento e a avaliação da aprendizagem são processos...