quinta-feira, 21 de julho de 2011

Formulação do problema



A problematização - etapa do planejamento científico que mais costuma tirar a noite de sono dos pesquisadores, sobretudo dos iniciantes - nada mais é do que a proposição de uma questão que se buscará responder por meio de pesquisa. Em outras palavras, problema é a pergunta que a pesquisa pretende resolver.

Pelo que tenho visto, a dificuldade maior da problematização pelos estudantes decorre mais pela falta de maturidade ou de conhecimento do tema, do que pela dificuldade própria de construção do problema. Um tema bem delimitado e uma revisão sistemática da bibliografia já anunciam para o pleno êxito na formulação de um problema de pesquisa.

Não adianta, entretanto, querer pular etapa e ir direto ao problema, já que este resulta de um processo de amadurecimento e reflexão sobre um assunto, que depois se tornará um tema, até se chegar à problemática.

Do ponto de vista metodológico, um problema de pesquisa deve atender a alguns requisitos. Como sugere Gil (2002), um problema deve ser:

a) claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não podem causar ambiguidades ou dúvidas);

b) empírico, isto é, observável na realidade, que pode ser captado pela observação do cientista social através de técnicas e métodos apropriados;

c) delimitado;

d) passível de solução (é necessário que haja maneira de produzir uma solução para o problema dentro de critérios metodológicos e de cientificidade).

As quatro dimensões citadas acima devem ser usadas como um crivo para o pesquisador examinar a consistência do seu problema. Antes de formulá-lo no papel, seria oportuno questionar-se: o problema, nos termos que o coloco, é claro? trata-se de questão passível de solução? é delimitado? é empírico?

Para formular o problema, devemos transformar o tema em uma pergunta. Por isso, o melhor caminho para a redação da problemática no corpo do texto do projeto é utilizar uma de frase interrogativa.

Em geral, os pesquisadores em ciências sociais e nas ciências naturais têm em mente perguntas de relação causal ou aquelas que visam conceituar e descrever a ocorrência de um determinado fenômeno.

O que é e como ocorre o fenômeno? Por que ele se manifesta? Quais são seus efeitos e impactos? Estas são algumas das formulações lógicas que podem orientar uma problematização, dependendo, é claro, do objetivo do pesquisador. Uma pesquisa que investigue a relação causal, por exemplo, terá que questionar acerca da causa do fenômeno e não sobre como o mesmo se dá. Este último enfoque resultaria em uma pesquisa descritiva e não explicativa.

A experiência tem mostrado que a utilização dos critérios mencionados acima gera resultados satisfatórios. No entanto, é necessário que se repita: o problema resulta de um trabalho arduamente desenvolvido pelo pesquisador e não surge do vácuo.

Postado por José Artur Teixeira Gonçalves às 13:00

Marcadores: formulação do problema, problematização

Nenhum comentário: