Os dez pressupostos andragógicos da aprendizagem do adulto: um olhar diferenciado na educação do adulto.

Os dez pressupostos andragógicos da aprendizagem do adulto: um olhar diferenciado na educação do adulto. Por Enilton Ferreira Rocha, Abril, 2012. Lattes: CV: http://lattes.cnpq.br/1682585826032961 Refletir sobre e compreender alguns pressupostos andragógicos e as suas possibilidades na ação de orientação da aprendizagem do adulto tem sido uma grande preocupação não só dos professores e tutores, mas, também, de gestores acadêmicos e corporativos preocupados com a relação entre os objetivos educacionais e o alcance de metas na aprendizagem. O estudo da andragogia e de alguns dos seus pressupostos derivados dessa ciência pode abrir caminhos para novos rumos e estratégias de aprendizagem tanto no mundo empresarial quanto no acadêmico. Revela em suas concepções e conceitos aspectos teóricos, filosóficos e práticos de fundamental importância para aqueles que almejam explorar nas competências do adulto, características que lhes são peculiares e que fazem a diferença em processos de aprendizagem quando inseridas no contexto educacional que valoriza a experiência de vida, a visão crítica e a capacidade de intervenção do adulto como o centro das atenções. Nesse contexto, os pressupostos andragógicos se apresentam como elementos facilitadores, articuladores e orientadores na relação de aprendizagem entre adultos. 1. Autonomia Para Knowles, 1970, pai da prática andragógica na comunidade acadêmica, sem a possibilidade de autonomia a aprendizagem do adulto se restringirá à “aprendizagem bancária” duramente criticada por Freire, 1996, onde o aluno é um depositório de informações, é um ouvinte passivo... Ainda segundo Freire, ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. Nesse sentido, o método andragógico estabelece alguns referenciais para que haja autonomia no processo de aprendizagem do adulto de modo a criar condições para que o participante possa intervir por meio de diálogos que favoreçam a interação, colaboração e cooperação; de modo a incentivar que ele apresente propostas de mudanças, questionamentos ao que está posto. Criar espaço para que ele seja criativo e tenha iniciativa em suas ações de aprendizagem. O adulto aprende mais e melhor quando percebe que lhe é dada a autonomia para o seu crescimento pessoal e profissional. 2. Humildade Segundo o pedagogo Freire, Paulo, 1996, um andragogo nato, ensinar exige humildade na ação docente. Na andragogia, esse pressuposto é considerado o articulador da ação humana na busca da conciliação, da autonomia, da liberdade de ação e expressão entre os pares da aprendizagem. É considerada também como referencial andragógico para o ouvir, para o crescimento e a capacidade de o adulto descobrir as suas limitações, fraquezas e a sua capacidade de aceitação do outro. Está associado aos processos psicossociais das relações intra e interpessoais na aprendizagem colaborativa e cooperativa. A humildade na andragogia significa o fortalecimento da capacidade de ele estabelecer um canal aberto de confiança, aceitação e democracia no diálogo com seus pares em processo de aprendizagem. Associa-se também ao fortalecimento da sua competência em momentos de crise e divisão de responsabilidades. 3. Iniciativa Esse pressuposto tem grande significado na aprendizagem do adulto, tendo em vista os seus desdobramentos andragógicos tais como incentivo à criatividade, à capacidade de assumir novas competências, e a sensibilidade para novos desafios e descobertas. 4. Dúvida Importante elemento das teorias da aprendizagem, agindo como um grande aliado na cognição, mais especificamente no processo de metacognição, que é a capacidade que o sujeito tem de pensar sobre a maneira como resolve os problemas que se apresentam na realidade e as muitas tarefas do cotidiano (Brasileiro, Cristiane, 2010). Sem esse pressuposto no planejamento e construção do conteúdo e das atividades de aprendizagem do adulto, a possibilidade de apropriação do conhecimento ficará vulnerável ou desprovida de intervenções, análises crítico-reflexivas. Não há possibilidade de diálogo quando o adulto não se depara com a dúvida sobre o que foi posto, quer como teoria ou problema concreto. 5. Mudança de Rumo Esse pressuposto andragógico funciona como uma bússola no processo de aprendizagem do adulto. Está intimamente ligado à humildade epistemológica na ação do instrutor, do professor ou do tutor. Estabelece um clima de confiança, de transparência, de humildade e respeito ao adulto em processo de aprendizagem. Na andragogia, mudar de rumo não significa um ato de fraqueza, de falta de planejamento, mas uma consciência das possibilidades e necessidades de mudanças para o atingimento das metas estabelecidas em processo de aprendizagem. Está associado à necessidade do Plano de Contingência muito bem visto pelo adulto aprendente. 6. Contextos Na andragogia esse pressuposto está associado à necessidade de estabelecer uma coerência entre o campo teórico e as realidades encontradas no processo de aprendizagem. Orienta ações que estabelecem uma conexão entre os objetivos e as metas a serem alcançados na aprendizagem do adulto, destacando questões como: diagnóstico da aprendizagem (visão de planejamento, de expectativas, de experiências e perfil dos participantes, de análise de realidades), público alvo, limitações pessoais e profissionais, limitações institucionais, resultados esperados, cenários etc. Nessa perspectiva a andragogia destaca os contextos educacionais, ambientais, culturais, socioeconômicos e políticos. Constitui-se em uma agressão ao participante a falta desse pressuposto nas ações de planejamento, execução e gestão de resultados de um curso, evento ou atividade cujo público alvo seja o adulto. 7. Experiência de vida Desconsiderar esse pressuposto é reduzir drasticamente a possibilidade de reconstrução do saber entre os adultos. Somos uma “universidade ambulante” e como tal temos a aprendizagem da vida como objeto de acomodação e acumulação de saberes, cuja herança de alguns bilhões de anos moldou as nossas camadas de conhecimento pela construção e reconstrução cognitiva. Serve como referência em momentos críticos de reflexões e conclusões, momentos de análise, avaliações e decisões. 8. Busca Na perspectiva de que aprendemos quando temos a oportunidade de investigar, trilhar novos caminhos, “buscar é preciso”. Esse pressuposto serve de âncora para a inciativa e a autonomia. Possibilita o jeito diferente de ver as coisas, de questionar supostas verdades absolutas; possibilita a análise de contextos e cenários nos caminhos da aprendizagem. Incentiva a criatividade e a curiosidade. Possui uma forte ligação com a ação da pesquisa investigativa, analítica e critica dos fatos e objetos da aprendizagem. Abre espaço para a autonomia. 9. Objetividade Neste pressuposto a presença marcante da objetividade associa-se ao jeito de o adulto examinar as realidades e contextos em processo de aprendizagem. Contribui fortemente para o acerto ao alvo das metas estabelecidas no objetivo educacional. Estabelece um canal de coerência e respeito à atenção do adulto, enquanto participante ativo e que dispensa rodeios, falácias, perda de foco. 10. Valor agregado Não por acaso esse pressuposto vem por último, mas porque ele representa um dos principais elementos da orientação andragógica na aprendizagem do adulto. Segundo Cavalcanti, pessoas aprendem o que realmente precisam saber (aprendizagem para a aplicação prática na vida diária), apresentando nessa afirmativa a necessidade de inserção do olhar andragógico do valor agregado nas etapas de planejamento, execução e gestão de resultados em cursos e eventos direcionados aos adultos. Associada a isso está à necessidade de reconhecimento das possibilidades de o adulto aplicar na vida pessoal e profissional aquilo que ele está aprendendo ou aprendeu. Sem essa perspectiva de valor agregado fica difícil a aceitação, compreensão e comprometimento do adulto em processo de aprendizagem. Referencias [1] AQUINO, C.T.E. Como aprender Andragogia e as habilidades de aprendizagem. São Paulo: Pearson, 2008. [2] BRASILEIRO, C. Em busca de um olhar articulado. Disponível em: www.uff.br (PIGEAD). Acesso em: abr.2012. Brasileiro [3] CAVALCANTI. R.A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Disponível em: http://www.ccs.ufpb.br/depcir/andrag.html. Acesso em 15 abr. 2012. [4] FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 17ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. [5] KNOWLES, MS (1973, 1990), do aluno adulto. Uma espécie negligenciada. 4ª ed. Houston: Gulf Publishing. [6] Infed - KNOWLES, MALCOLM. Educação de adultos informal, auto-direção e andragogia. Disponível em http://www.infed.org/thinkers/et-knowl.htm. Acesso em: 20 mar.2012. [7] Infed - KOLB, DAVID A. Na aprendizagem experiencial. Disponível em: http://www.infed.org/biblio/b-explrn. Acesso em 18 abr. 2008. [8] Infed - LINDEMAN, E. C.Educação e o significado da educação de adultos. Disponível em http://www.infed.org/thinkers/et-lind.htm#meaning. Acesso em: 20 mar. 2012. [9] OLIVEIRA, A. B. Andragogia - a educação de adultos. Disponível em http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=1&texto=1314. Acesso em:12 abr. 2012

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