5 pontos sobre o uso das notas do Ideb
5 pontos sobre o uso das notas do Ideb
A análise
do resultado da escola traz subsídios importantes que podem ser utilizados na
reformulação do projeto político-pedagógico
Rita Trevisan (gestaoescolar@novaescola.org.br)
1. Como se calcula o índice
A nota do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb) varia de 0 a 10 pontos e funciona como um indicador de qualidade
- para a escola e a rede. Ela é calculada com base em uma fórmula que considera
dois componentes. Um deles revela o nível de conhecimento dos alunos em relação
aos conteúdos aferidos (Língua Portuguesa, com ênfase em leitura, e Matemática)
pela Prova Brasil, para as escolas municipais, pelo Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), para as escolas estaduais e da federação.
O outro aspecto considerado é a taxa de rendimento - isto é, quantos estudantes
não foram reprovados nem abandonaram a escola - nos anos de referência dos
exames. Para cada série analisada, é definida uma nota de parâmetro que aumenta
ao longo dos anos e permite comparar, por exemplo, as escolas de uma mesma rede
- desde que essas tenham realidades semelhantes. "O Ideb subsidia a
reflexão sobre os pontos fortes e fracos do PPP da escola", diz Ocimar
Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
(USP), especialista em avaliação.
2. Informações disponíveis na internet
O Portal Ideb, do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), traz explicações sobre o
significado do índice, a maneira como ele é calculado e as metodologias usadas.
Também é possível acessar as planilhas com as médias da taxa de aprovação e das
notas na Prova Brasil e no
Saeb - separados por escola, município, estado. No site da Prova Brasil e do
Saeb, no menu principal, é possível clicar em Resultados e, no pé dessa página,
há um link para as tabelas com as escalas de Língua Portuguesa e Matemática,
que mostram o que o aluno aprendeu e o que ele deveria ter aprendido no ano de
escolarização. Esses dados contribuem para repensar o currículo da rede e o
planejamento da escola.
3. A pauta da formação
As informações fornecidas pelos resultados do Ideb,
assim como os de outras avaliações, permitem ter uma referência para analisar
as estratégias didáticas usadas na escola e os critérios utilizados na
aprovação e reprovação dos alunos. "É interessante que o gestor discuta os
dados com sua equipe e proponha uma reflexão para que sejam detectadas as
variáveis responsáveis pelas notas obtidas", sugere Maria do Pilar
Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC. Algumas questões ajudam nessa
discussão: os conteúdos das avaliações foram trabalhados em sala de aula? Estão
garantidas as condições básicas de ensino e de aprendizagem para todos? A
análise dos resultados serve de pauta para o replanejamento? A partir daí, o
coordenador e a equipe docente devem pensar em ações, como registrar o trabalho
do professor em sala de aula e contemplar as necessidades dos docentes nos
horários de trabalho pedagógico coletivo.
4. Reformular o PPP
Todos os ajustes que a escola fará com base nas
deficiências e eficiências apontadas pelo Ideb devem ser devidamente
registrados no projeto político-pedagógico (PPP) da escola - em forma de
planilhas, tópicos ou textos, separados por série, ciclos ou disciplinas. Para
tanto, é necessário realizar uma revisão detalhada do documento, observando
assuntos como as diretrizes pedagógicas, o plano de ação e até a relação com as
famílias. "Uma leitura crítica permite comparar as matrizes curriculares
da escola com o que o índice avalia e, se for o caso, pautar mudanças no
currículo, especialmente nas disciplinas avaliadas", explica Alavarse, da
USP. Essa discussão pode ser feita durante as reuniões pedagógicas e institucionais,
assim como nos encontros do Conselho Escolar e na semana de planejamento. Em
cada uma dessas situações, vale definir uma pessoa que fique responsável por
sistematizar e inserir os dados no PPP.
5. Divulgação dos dados
É essencial que os resultados do Ideb e de outros
exames sejam socializados com a comunidade escolar. "Estabelecer uma
comparação com as notas de outras escolas também pode ser uma estratégia
válida. Só não faz sentido confrontar escolas de realidades diversas, que
atendem alunos de níveis socioeconômicos muito diferentes", pondera
Alavarse. Para Maria do Pilar Lacerda, é fundamental criar uma mobilização que
envolva os pais e os alunos, além dos gestores, professores e funcionários.
"Antes da aplicação da prova, é interessante que as crianças levem
bilhetes às famílias, explicando a importância da avaliação. Mais tarde, os
resultados podem ser divulgados, em cartazes, por toda a escola. Desse material
de divulgação, devem constar os índices que a escola alcançou nos últimos anos
e as metas para os próximos", indica a secretária de Educação Básica do
MEC. Os gestores também podem informar à comunidade as ações planejadas para
resolver os problemas levantados, orientando os pais sobre como podem ajudar.
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