As lições do primeiro colocado no Ideb
As lições
do primeiro colocado no Ideb
Porto Ferreira, que tem a média
mais alta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, considera prioridade
a atenção total à aprendizagem
Alunos da
escola Mário Borelli: atenção dos professores se reflete no entusiasmo pelo
aprendizado.
Ao perguntar ao diretor, à equipe pedagógica e aos estudantes da EMEFM
Mário Borelli Thomaz por que Porto Ferreira, no interior de São Paulo, está em
primeiro lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), a resposta foi: porque a escola dá total atenção aos alunos. Por ser a
única unidade da rede municipal a oferecer a 8ª série, só ela foi avaliada na
Prova Brasil em 2005, levando a cidade a ter destaque nacional.
Das 28 metas que o Plano de Desenvolvimento da Educação estabelece para que os municípios melhorem seu índice, Porto Ferreira atinge 15 (leia o quadro). A posição invejável - nota 5,9, quando a média nacional ficou em 3,5 (leia o quadro) - foi conseguida de maneira pouco convencional: somente 28 dos 180 alunos de 8ª série fizeram o teste, justamente os que estavam de recuperação
A maior demonstração de consideração pelos estudantes, segundo os professores, são os dez minutos reservados depois das aulas para dialogar com eles. "Podendo se expressar, os jovens se sentem amparados e entusiasmados com os estudos", diz o diretor Apparecido Espírito Santo, conhecido como seu Neguinho
Das 28 metas que o Plano de Desenvolvimento da Educação estabelece para que os municípios melhorem seu índice, Porto Ferreira atinge 15 (leia o quadro). A posição invejável - nota 5,9, quando a média nacional ficou em 3,5 (leia o quadro) - foi conseguida de maneira pouco convencional: somente 28 dos 180 alunos de 8ª série fizeram o teste, justamente os que estavam de recuperação
A maior demonstração de consideração pelos estudantes, segundo os professores, são os dez minutos reservados depois das aulas para dialogar com eles. "Podendo se expressar, os jovens se sentem amparados e entusiasmados com os estudos", diz o diretor Apparecido Espírito Santo, conhecido como seu Neguinho
A Mário Borelli foi inaugurada há 45 anos, quando
formava técnicos. O Ensino Fundamental e o Médio surgiram quando ela já tinha
19 anos. Hoje, com cerca de 2 mil alunos, ela continua seriada e não faz a
progressão continuada. Tem ainda classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
e cursos profissionalizantes. Cleuza Pazzini, professora de Língua Portuguesa,
conta que a linha pedagógica é tradicional, com ênfase no diálogo e na leitura
- os alunos entram em contato com os clássicos da literatura desde a 5ª série.
Diretor de prestígio
A professora de Matemática Vera Lúcia do Nascimento
credita o bom desempenho dos alunos à postura da direção. Não só ela. Os 73
professores se dizem discípulos de seu Neguinho, sempre visto nos corredores
durante os intervalos e nas salas de aula, nos três períodos. "Existe um
comprometimento do grupo em colocar as crianças em primeiro plano. Aqui não
existe 'não aprender'! O professor tem de ensinar", ele afirma. Para
manter a equipe sempre informada sobre o que se passa com cada aluno, há três
reuniões semanais, além de encontros diários na sala dos professores e reuniões
mensais. A maioria participa de todos os cursos promovidos pela Diretoria de
Educação.
O resultado do Ideb e a repercussão na mídia surpreenderam o diretor: "Quando a Prova Brasil foi aplicada, eu não tinha ideia dos objetivos da avaliação nem da dimensão que ela atingiria". Mas ele não foi o único. Muitos docentes não conhecem a nota da escola em que dão aula e pais não imaginam que há uma forma como essa de acompanhar a qualidade da Educação dos filhos. A prova, no entanto, é uma forma de prestação de contas à comunidade.
O resultado do Ideb e a repercussão na mídia surpreenderam o diretor: "Quando a Prova Brasil foi aplicada, eu não tinha ideia dos objetivos da avaliação nem da dimensão que ela atingiria". Mas ele não foi o único. Muitos docentes não conhecem a nota da escola em que dão aula e pais não imaginam que há uma forma como essa de acompanhar a qualidade da Educação dos filhos. A prova, no entanto, é uma forma de prestação de contas à comunidade.
Na Mário Borelli, as famílias já estão acostumadas
a ver os filhos vencendo concursos de redação e Olimpíadas de Matemática e
saindo do Ensino Médio direto para universidades públicas. A participação dos
pais no dia-a-dia foge do comum: as reuniões são sempre lotadas e não é difícil
encontrar mães pelos corredores conversando com os professores sobre o estudo
dos filhos.
Segundo seu Neguinho, a escola não deixa que as dificuldades de aprendizagem se arrastem durante o ano. Os alunos de 1ª a 4ª série têm aulas de reforço no contraturno: "A atenção aos primeiros anos do Fundamental explica em parte o sucesso dos alunos na 8ª série", afirma o diretor. Da 5ª série em diante, além das avaliações dadas por cada professor há, no fim do ano, uma prova em que é preciso ter 5 para ser aprovado. Quem não atinge a nota tem uma semana de aulas de recuperação, seguida de nova avaliação
Muito a fazer
A diretora de Educação do município, Maria Cecília Gallo Rossi, reconhece que a realidade da Mário Borelli não representa Porto Ferreira de modo geral. A rede é formada por oito creches; nove escolas de Educação Infantil, uma com Ensino Fundamental e Médio (a Mário Borelli), e sete de 1a a 4a (uma delas com 5a e 6a a partir deste ano). Os 481 professores são concursados."Por ser a primeira escola da rede, ela tem tradição, pais participativos e professores e funcionários empenhados em obter os melhores resultados."
Tanto Porto Ferreira como a própria Mário Borelli têm as suas dificuldades. Na cidade, com cerca de 60 mil habitantes e 7 400 mil alunos, faltam equipamentos eficientes de lazer e cultura. A escola campeã do Ideb só tem uma quadra de esportes, pouco para atender ao público de 2 mil crianças e jovens. Somente os alunos dos cursos técnicos têm acesso ao laboratório de informática (algumas creches ainda não têm computador nem para o pessoal administrativo). Nenhuma unidade oferece tempo integral, apesar dos projetos da Diretoria de Educação.
Maria Cecília é titular da pasta há um ano e promete priorizar esses pontos em sua gestão, além de dar atenção especial aos pequenos: existem cerca de 200 crianças até 3 anos fora das creches. A diretora apóia o PDE,a avaliação feita pela Prova Brasil e o critério usado pelo Ideb para classificar as redes de ensino.Com a média obtida,Porto Ferreira não será contemplada, pelo menos nessa primeira fase, com a ajuda técnica do MEC.Mesmo assim,Maria Cecília e sua equipe já começam a estudar mecanismos para que o município atinja a meta de média no Ideb de 7,4 em 2021: "Vamos precisar trabalhar muito".
Segundo seu Neguinho, a escola não deixa que as dificuldades de aprendizagem se arrastem durante o ano. Os alunos de 1ª a 4ª série têm aulas de reforço no contraturno: "A atenção aos primeiros anos do Fundamental explica em parte o sucesso dos alunos na 8ª série", afirma o diretor. Da 5ª série em diante, além das avaliações dadas por cada professor há, no fim do ano, uma prova em que é preciso ter 5 para ser aprovado. Quem não atinge a nota tem uma semana de aulas de recuperação, seguida de nova avaliação
Muito a fazer
A diretora de Educação do município, Maria Cecília Gallo Rossi, reconhece que a realidade da Mário Borelli não representa Porto Ferreira de modo geral. A rede é formada por oito creches; nove escolas de Educação Infantil, uma com Ensino Fundamental e Médio (a Mário Borelli), e sete de 1a a 4a (uma delas com 5a e 6a a partir deste ano). Os 481 professores são concursados."Por ser a primeira escola da rede, ela tem tradição, pais participativos e professores e funcionários empenhados em obter os melhores resultados."
Tanto Porto Ferreira como a própria Mário Borelli têm as suas dificuldades. Na cidade, com cerca de 60 mil habitantes e 7 400 mil alunos, faltam equipamentos eficientes de lazer e cultura. A escola campeã do Ideb só tem uma quadra de esportes, pouco para atender ao público de 2 mil crianças e jovens. Somente os alunos dos cursos técnicos têm acesso ao laboratório de informática (algumas creches ainda não têm computador nem para o pessoal administrativo). Nenhuma unidade oferece tempo integral, apesar dos projetos da Diretoria de Educação.
Maria Cecília é titular da pasta há um ano e promete priorizar esses pontos em sua gestão, além de dar atenção especial aos pequenos: existem cerca de 200 crianças até 3 anos fora das creches. A diretora apóia o PDE,a avaliação feita pela Prova Brasil e o critério usado pelo Ideb para classificar as redes de ensino.Com a média obtida,Porto Ferreira não será contemplada, pelo menos nessa primeira fase, com a ajuda técnica do MEC.Mesmo assim,Maria Cecília e sua equipe já começam a estudar mecanismos para que o município atinja a meta de média no Ideb de 7,4 em 2021: "Vamos precisar trabalhar muito".
As 28 metas dos municípios e a realidade de Porto
Ferreira
Apesar de ter sido o campeão no primeiro cálculo do Ideb na 8a série, o município ainda tem muito o que conquistar, se consideradas as exigências do MEC para os que aderirem ao Plano de Desenvolvimento da Educação
Apesar de ter sido o campeão no primeiro cálculo do Ideb na 8a série, o município ainda tem muito o que conquistar, se consideradas as exigências do MEC para os que aderirem ao Plano de Desenvolvimento da Educação

METAS
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PORTO FERREIRA
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1. Estabelecer
resultados concretos de aprendizagem.
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2.
Alfabetizar as crianças até 8 anos e aferir com exame específico.
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3. Acompanhar
cada aluno da rede individualmente, com registro de freqüência e avaliações
periódicas de desempenho.
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4. Combater
a repetência com aulas de reforço no contraturno, estudos de recuperação e
progressão parcial.
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5. Combater
a evasão pelo acompanhamento individual das razões da não-freqüência do estudante
e sua superação.
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6. Matricular
o aluno na escola mais próxima da sua residência.
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7. Ampliar
as possibilidades de permanência de crianças e jovens na escola além da
jornada regular.
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![]() prefeitura em instituições culturais e esportivas. |
8. Valorizar
a formação ética, artística e a Educação Física.
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9.
Garantir a inclusão educacional nas escolas públicas.
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10.
Promover a Educação Infantil.
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11. Manter
programa de alfabetização de jovens e adultos.
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12.
Instituir programa próprio ou em parceria para a formação inicial e
continuada.
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13.
Implantar plano de carreira, cargos e salário privilegiando o mérito, a
formação e o desempenho.
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14. Valorizar
o trabalhador eficiente, dedicado, assíduo, pontual, responsável e promover
projetos e cursos de atualização e desenvolvimento profissional.
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15. Estabelecer
o período probatório, efetivando o professor após a avaliação, de preferência
externa ao sistema educacional.
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16. Envolver
todos os professores na discussão e
elaboração do projeto político-pedagógico. |
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17. Ter
coordenadores pedagógicos que acompanhem
as dificuldades enfrentadas pelo professor. |
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18. Fixar
regras de mérito e desempenho para
nomeação e exoneração de diretor de escola. |
![]() pela avaliação do rendimento da escola. |
19.
Divulgar na escola e na comunidade os dados relativos à área da Educação.
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20. Acompanhar
e avaliar, junto com a comunidade
e do Conselho de Educação, as políticas públicas da área e garantir a continuidade das ações. |
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21. Zelar
pela transparência da gestão pública, garantindo o funcionamento autônomo dos
conselhos de controle social.
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22.
Promover a gestão participativa na rede de ensino.
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23. Elaborar
Plano de Educação e instalar Conselhos de Educação.
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24. Integrar
os programas da área de Educação com áreas como saúde, esporte, assistência
social e cultura, entre outras.
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25.
Fomentar e apoiar os conselhos escolares, envolvendo as famílias dos alunos,
com as atribuições de zelar pela manutenção da escola e pelo monitoramento
das ações e consecução das metas.
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26. Transformar
a escola em espaço comunitário e manter
e usar os equipamentos públicos da cidade. |
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27.
Firmar parcerias externas visando a melhoria
da infra-estrutura da escola ou a promoção de projetos socioculturais e ações socioeducativas |
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28. Criar
um comitê local, com representantes das associações de empresários,
trabalhadores, sociedade civil, Ministério Público, Conselho Tutelar e
dirigentes do sistema educacional público.
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*Texto Em termos adaptado do Decreto 6094, de 24 de abril de 2007
Como é calculado o Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é calculado pela nota que o município obteve na Prova Brasil (que vai de 0 a 300), o índice de aprovação da série avaliada e o tempo que os alunos demoram para concluí-la. Para chegar à média, o MEC transformou todos esses resultados em valores que variam de 0 a 10 e estabeleceu as metas para os próximos anos. Em 2021, a Educação brasileira deverá ter saído dos atuais 3,8 e 3,5 (na 4a e na 8a séries, respectivamente), e chegado ao 6 e 5,5. Esses números saíram da pontuação dos países que ficam na faixa intermediária do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa), como Luxemburgo, Noruega e Alemanha. Mas 6 e 5,5 são a média geral. Cada um dos municípios brasileiros tem sua meta própria, baseada na nota atual do Ideb e nas condições de cada local. Porto Ferreira, por exemplo, que já está no topo com 5,9, tem de alcançar 7,4 em 2021. De acordo com Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo cálculo do Ideb, os alvos são difíceis, mas não impossíveis. As cidades que aceitarem o desafio de melhorar o nível da Educação receberão ajuda técnica e financeira do governo federal
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é calculado pela nota que o município obteve na Prova Brasil (que vai de 0 a 300), o índice de aprovação da série avaliada e o tempo que os alunos demoram para concluí-la. Para chegar à média, o MEC transformou todos esses resultados em valores que variam de 0 a 10 e estabeleceu as metas para os próximos anos. Em 2021, a Educação brasileira deverá ter saído dos atuais 3,8 e 3,5 (na 4a e na 8a séries, respectivamente), e chegado ao 6 e 5,5. Esses números saíram da pontuação dos países que ficam na faixa intermediária do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa), como Luxemburgo, Noruega e Alemanha. Mas 6 e 5,5 são a média geral. Cada um dos municípios brasileiros tem sua meta própria, baseada na nota atual do Ideb e nas condições de cada local. Porto Ferreira, por exemplo, que já está no topo com 5,9, tem de alcançar 7,4 em 2021. De acordo com Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo cálculo do Ideb, os alvos são difíceis, mas não impossíveis. As cidades que aceitarem o desafio de melhorar o nível da Educação receberão ajuda técnica e financeira do governo federal
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Contato
EMEFM Mário Borelli Thomaz, R. Luiz Gama, 81, 13660-000, Porto Ferreira, tel. (19) 3585-6314,
emefmmariobt@linkway.com.br
INTERNET
No site: http://www.inep.gov.br, você encontra a classificação de escolas e municípios no Ideb. Conheça melhor a cidade de Porto Ferreira em http://www.portoferreira.sp.gov.br
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