Eja e o tema eleições
EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
Eleições: o que discutir
com os alunos?
Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
Muito se fala que a escola deve formar cidadãos e,
portanto, nada mais natural que as eleições sejam abordadas na sala de aula.
Claro que esse não é o único momento em que exercemos a cidadania, mas é sem
dúvida um momento-chave para a vida política e que deve ser discutido e
analisado nas turmas de EJA.
Esse é um trabalho delicado de ser feito. Por um
lado, é preciso informar e discutir certos aspectos do mundo da política; por
outro, não pode ser um trabalho doutrinário em que o professor imponha aos alunos
suas opiniões e, o que é pior, seus candidatos. Não se pode fazer campanha
eleitoral na escola!
Um trabalho difícil, mas possível e necessário.
Muitos alunos sentem-se excluídos do processo eleitoral porque não entendem
como ele funciona e acabam não exercendo plenamente seu direito de eleitor.
A seguir, elenco sugestões de assuntos que podem
ser discutidos em sala sem entrar no mérito dos candidatos e podem ser
esclarecedores para os estudantes da EJA:
Atribuições de cada cargo: Neste ano, teremos eleições
para presidente da república, governador de estado, senador, deputado federal e
deputado estadual. Muitas pessoas têm dúvidas sobre qual o papel de cada um
desses cargos no funcionamento da vida pública. Um tópico interessante para
abordar com os alunos é esclarecer quem faz o quê. A seção de “Perguntas
Frequentes” da Cartilha do Eleitor
Consciente, do
Tribunal Superior Eleitoral, traz essas informações.
Divisão de poderes: Relacionado ao tópico anterior,
mas além dele, temos a organização em três poderes (executivo, legislativo e
judiciário) e as suas diferentes esferas (municipal, estadual e federal).
Conhecer as responsabilidades de cada um, bem como suas limitações, é
interessante, por exemplo, para que os alunos julguem se as promessas feitas
pelos candidatos em campanha estão de fato dentro das possibilidades de cada
cargo em questão. (Veja um plano de aula sobre o assunto aqui)
Voto proporcional: Nas eleições para cargos legislativos, como para
deputados estaduais e federais, o sistema de votação é proporcional. Como o
próprio nome diz, a contagem não é direta (como acontece para presidente da
república) e exige um cálculo. Além disso, para compreender o sistema, é
preciso entender o que é partido e coligação. Na minha experiência, são raros
os alunos que conhecem esse tipo de votação. Por isso, eles sempre se
surpreendem com a estratégia dos “puxadores de voto” (certos
candidatos-celebridade capazes de angariar muitos eleitores e favorecer
enormemente sua coligação). Dois casos interessantes para estudar as distorções
que o sistema de voto proporcional pode provocar são o da eleição de Enéas
Carneiro em 2006 ou do palhaço Tiririca em
2010.
Financiamento de campanha:
Quem paga os cartazes, panfletos e comícios que
pipocam em todos os lugares do Brasil nessa época? Entender melhor o sistema de
financiamento de campanhas eleitorais pode ajudar os alunos a compreenderem o
funcionamento de esquemas de favorecimento e corrupção. O julgamento do Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre o assunto pode ser um bom começo para essa discussão, assim
como um texto de Gilberto Maringoni, escrito em 2012 sobre as
eleições municipais em São Paulo.
A equipe do blog de Tecnologia na Educação já fez
dois ótimos levantamentos de sites e aplicativos de celular úteis para o
trabalho com eleições (veja os posts aqui e aqui). Acredito que essas podem ser
ótimas fontes de consulta também para nós, da EJA.
E você, desenvolve algum trabalho específico para o
período de eleições? Compartilhe conosco!
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