terça-feira, 25 de outubro de 2016

Educação do trânsito na matemática - A estatística dos acidentes



A estatística dos acidentes ( Esta aula tem adaptações realizada por mim – para adequar a realidade)

Autor e Coautor( es)
CURITIBA - PR SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
Coautor(es):
Eziquiel Menta
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Compreender, pela leitura e análise de dados, as possibilidades de ocorrerem acidentes de trânsito.
Duração das atividades
3 horas-aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
- Noção do conceito de probabilidade.
Estratégias e recursos da aula
Olá!
Para realizar esta aula você precisará:
  • Prever o uso do laboratório de informática, com acesso a internet.
  • Solicitar que os alunos tragam notícias de revistas, jornais e internet sobre o tema.
  • Convidar um professor de língua inglesa para auxiliar na leitura dos dados referentes a acidentes aéreos.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/2567/imagens/problematizacao.gif
Momento 01 - 1 aula - Laboratório de informática
Professor,
Inicie a aula questionando aos alunos se sofreram ou conhecem pessoas que sofreram acidente de trânsito. No quadro de giz anote as causas destes acidentes e estabeleça uma tabela para análise dos principais motivos que levaram ao acidente. Após esta ação cruze com os dados disponíveis em: http://www.transitobr.com.br/index2.php?id_conteudo=8 (está em anexo o texto – Acidentes e causas)
  1. Muitos dos dados apresentados batem com a pesquisa realizada pela empresa Opinion Research Corporation International? Por que?
  2. Uma outra forma de iniciar esta aula seria solicitar aos alunos que façam levantamento de notícias em revistas e jornais, sobre o tema: acidentes de trânsito. A partir desses dados trazidos à sala de aula solicite que façam o cruzamento das informações.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/2567/imagens/atividade.jpg
Atividade 01 -
No laboratório de informática explique quais os objetivos da atividade que realizarão em tal espaço e estabeleça regras para o uso do recursos disponíveis bem como os critérios que serão utilizados para avaliação das atividades realizadas no laboratório, previamente. Se possível estabeleça os critérios para realização de toda a aula com os alunos, já desde o início, independente de ser ou não no laboratório de informática, ok?!?
No site do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, disponível em:< http://www.dnit.gov.br/menu/rodovias/estat_acid > há dados que serão utilizados nesta aula. Os dados que utilizaremos são referentes ao ano de 2015, mas professor, sinta-se livre para utilizar dados de qualquer ano, pois as questões propostas podem ser realizados com qualquer um dos dados apresentados no site referente ao Número de acidentes por dia da semana.
Vamos lá!
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/2567/imagens/roteiros.gif
Solicite aos alunos que em equipe:
  1. acessem a página do DNIT, disponível em:< http://www.dnit.gov.br/menu/rodovias/estat_acid
  2. na área inferior da página, acessem o Quadro 0103 - NÚMERO DE ACIDENTES POR DIA DA SEMANA, referente ao ano de 2008.
  3. escolham o estado que moram.
  4. organizem em ordem decrescente o número de acidentes por mês, considerando os totais apresentados. Quais meses houve maior número de acidentes? Qual seria o motivo?
  5. considerando os 12 meses, qual a probabilidade de ocorrer um acidente de trânsito no dia dos namorados? E no carnaval? E no natal?
  6. com base nos meses de aniversário de cada elemento da equipe, calculem o dia da semana que ocorreu mais acidentes em cada mês. Qual seria o motivo?
  7. considerando os totais, organizem em ordem decrescente o número de acidentes por dia da semana. Quais os três dias da semana em que houve maior número de acidentes? Qual seria o motivo?
  8. verifiquem em um outro estado se o dado encontrado no item 5 é semelhante. Os motivos apresentados anteriormente valem apenas para este estado? Por que?
  9. verifiquem em outros dois estados se o dado encontrado no item 6 é semelhante. Os motivos apresentados anteriormente valem apenas para este estado? Por que?
  10. verifiquem em outros três se o dado encontrado no item 7 é semelhante. Os motivos apresentados anteriormente valem apenas para este estado? Por que?
  11. a partir do total de acidentes no ano de 2015, calculem e apresentem para a turma:
·       a probabilidade de ocorrer um acidente de trânsito em uma sexta-feira. E numa terça? E num sábado?
·       a probabilidade de ocorrer um acidente no mês de seu aniversário. E em julho?
Atividade 02 -
Ainda no laboratório de informática, solicite aos alunos que realizem as atividades disponíveis no recurso a seguir.
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Este recurso simula o trânsito de uma pequena cidade. Os alunos deverão colocar as 10 placas de trânsito disponíveis no jogo nos locais mais adequados da cidade.
Momento 02 -  1 aula - Sala de aula
Atividade 01 -
Professor!
A partir dos dados coletados na atividade 01 e das discussões estabelecidas no início desta aula, ainda em equipe, solicite aos alunos, que apresentem propostas para evitar acidentes de trânsito. Estas propostas deverão contemplar os períodos/datas em que os alunos verificaram que ocorrem maior acidentes de trânsito, no momento 01 dessa aula.
Atividade 02 -
Solicite aos alunos que analisem e produzam no minimo 3 atividades, semelhantes a realizadas nas atividades 01 e 02, sobre os acidentes aéreos com base nos dados disponíveis em: Veja estatísticas de acidentes aéreos no mundo, disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1181784-5602,00-VEJA+ESTATISTICAS+DE+ACIDENTES+AEREOS+NO+MUNDO.html ou dos levantamento de acidentes aéreos de 2005, disponível em: http://aviation-safety.net/pubs/asn/ASN%20Airliner%20Accident%20Statistics%202005.pdf . Para a realização desta última atividade poderá convidar um professor de língua inglesa já que as informações estão em inglês.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/2567/imagens/praticasocialfinal.gif
Momento 03 - 01 aula - sala de aula ou pátio
Professor,
Como atividade de fechamento poderia propor que os alunos realizem uma palestra para ser apresentada a comunidade com base nos dados e informações estudados. Professores de outras disciplinas que tenham trabalhado com tema similar também poderão participar. Esta ação seria uma oportunidade para a comunidade conhecer estratégias para evitar acidentes de trânsito.
Recursos Complementares
Avaliação
A avaliação será realizada no transcorrer dos questionamentos apresentados, primeiramente observando a formação de conceitos pelos alunos, analisando seus questionamentos e intervenções, procurando, por meio do diálogo, perceber se houve assimilação dos conteúdos propostos. Pela leitura das produções dos alunos, o professor avaliará sugerindo as mudanças e adequações necessárias, estimulando as leituras e quando necessário, o feedback dos conteúdos.




Acidentes – Causas

acidentes1Acidente de trânsito é todo evento danoso que envolva o veículo, a via, o homem e/ou animais e para caracterizar-se, é necessário a presença de dois desses fatores.

Os acidentes de trânsito no Brasil atualmente, faz com que uma grande quantidade de vidas sejam perdidas anualmente. Segundo dados do Ministério da Saúde , em 2013 (último ano disponível) foram cerca de 44 mil mortos, aumento considerável se levarmos em conta que o DENATRAN, em 2005 divulgou que foram pouco mais de 26 mil mortos em acidentes. Os quase 200 mil feridos demonstram uma significativa redução perante os 513 mil feridos em 2005 do total de 383.371 acidentes com vítimas naquele ano. São números assustadores maior do que sérias doenças que atingem a população brasileira. Mas, infelizmente, esses números parecem não atingir a sensibilidade e razoabilidade dos dirigentes dos órgãos de trânsito e dos nossos governantes, no sentido de se combater veementemente e com ações essa real guerra no trânsito.
Coincidências á parte, em 2012 entrou em vigor a lei 12.760, conhecida como de Lei Seca, mais rigorosa que as anteriores e que , com certeza, contribuiu para frear o crescimento contínuo nos números de vítimas fatais, que verificado nos anos anteriores.

Os números apresentados ainda podem ser questionados em razão de não refletir a real situação do País por conta de várias cidades e, principalmente, Estados não terem fornecidos a totalidade dos dados, conforme vemos nos dados oficiais (veja e baixe toda a estatística na página de Download) e do que sabemos que muitas vítimas fatais ainda constam como feridos nas estatísticas, isso porque, aqueles que saíram com vida do acidente mas vieram a falecer a partir das 72 horas, terão a tendencia de constarem nas estatísticas de acordo com o registro inicial feito no local do acidente. Assim, o número de mortos é maior e o número de feridos é menos do que constam na estatística.

Pouca gente tem coragem de falar, principalmente as autoridades, mas a falta ou diminuição no rigor na fiscalização e penalização dos infratores de trânsito tem
acidentes2contribuído de maneira significativa para o aumento e agravamento dos acidentes de trânsito. Os acidentes tem aumentado, mas um fator importante é que eles tem vitimizado mais seriamente as pessoas. Ações com fins políticos e eleitoreiros, obrigação de informar onde está localizado os equipamentos eletrônicos de ficalização, preocupações apenas com engarrafamentos e congestionamentos, falta de punibilidade e verdadeiras campanhas educativas são alguns exemplos do que estamos nos referindo.

Existem dois tipos de acidentes: o evitável e o não evitável. O primeiro é aquele em que você deixou de fazer tudo que razoavelmente poderia ter feito para evitá-lo, enquanto o segundo é aquele em que se esgotando todas as medidas para impedi-lo, este veio a acontecer.

Normalmente as pessoas perguntam quem é o culpado, onde a pergunta correta é quem poderia ter evitado o acidente.Uma das maiores causas dos acidentes chama-se condutor de veículo. Estatisticamente, 75% dos acidentes foram causados por falha humana (condutor), 12% por problemas nos veículos, 6% por deficiências das vias e 7% por causas diversas, ou seja, podemos dizer que o homem, no mínimo, é responsável, direta ou indiretamente, por 93% dos acidentes.Na atualidade, o Brasil participa com apenas
acidentes33,3% do número de veículos da frota mundial, mas é responsável por 5,5% dos acidentes com vítima fatal, registrados em todo mundo. Entre as diversas causas podemos citar:
  • imprudência dos condutores;
  • excesso de velocidade;
  • desrespeito à sinalização;
  • ingestão de bebidas alcoólicas;
  • ultrapassagens indevidas;
  • má visibilidade (chuva, neblina, cerração, noite);
  • falta de atenção;
  • defeitos nas vias;
  • falta de manutenção adequada dos veículos;
  • distração interna do condutor (rádio, passageiro, celular, objetos soltos no interior do veículo);
  • ação evasiva inadequada, frente a um fator adverso (buraco, veículo parado,etc.);
  • técnica inadequada ao dirigir veículo (não observar o retrovisor externo e esquerdo, por exemplo);
  • avaliação errada de distância e velocidade de um outro veículo, tanto no mesmo sentido (andar na "cola") como em sentido contrário;
  • falta de cortesia no trânsito;
  • não obediência das normas de circulação e conduta (tanto para condutores como para pedestres);
  • falta de conhecimento e obediência das leis de trânsito (condutores e pedestres);
  • impunidade dos infratores;
  • sensação de onipotência advinda do comportamento inadequado ao dirigir;
  • falta de educação para o trânsito;
·       travessia em locais perigosos e fora da faixa ou semáforo.
  • sonolência, falta de descanso, drogas (remédios, psicotrópicos, tranquilizantes, etc) e fadiga.
                         
Esses fatores podem estar associados a diversos outros ,como falta de conservação e sinalização das vias, falta de fiscalização, falta de manutenção do veículo, sono, cansaço, fadiga, animais e outros fatores que são discutidos nas páginas direção defensiva e dicas.

acidentes5Diz o art.178 do CTB: "Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito.

Infração média Penalidade multa".
acidentes6Portanto, nesse caso, deve o condutor retirar o veículo da via, para não causar congestionamentos, outro acidente ou qualquer outra situação que ponha em risco a segurança do trânsito ou que venha a ser notificado (multado) pelo policial quando da sua chegada. Caso o veículo não tenha condições de ser removido da via, deve o condutor providenciar a imediata sinalização para não incorrer em multa (ex: triângulo, pequenos galhos de árvores ou gestos), e nunca usar objetos grandes e pesados, como pedras.

O Policial Militar deve ser chamado no local, e a ele mostrado como se encontrava(m) o(s) veículo(s) sobre a via (faça um esboço), testemunhas podem ser arroladas, anote os dados do outro veículo, condutor e do PM (nada impede que ele forneça). Lembre-se, não adianta discutir no local do acidente quem estava certo ou errado, o acidente aconteceu e alguém falhou, se não houver acordo, alguns Estados já possuem Juizados Especiais de Trânsito para resolver a situação, ou a Justiça Comum ou Pequenas Causas.
UMA PERGUNTA: VOCÊ CONHECE ALGUÉM QUE JÁ TENHA SE ENVOLVIDO EM UM ACIDENTE DE TRÂNSITO?. APOSTO QUE SIM, TALVEZ VOCÊ MESMO. É HORA DE REFLETIR SOBRE NOSSO COMPORTAMENTO NO TRÂNSITO.









Acidentes - Números
  • 193,2 Milhões de Brasileiros(estimativa IBGE para julho 2010)
  • 1.400.000 Km de estradas, sendo apenas 18% asfaltadas
  • 60,6 Milhões de veículos, desses, mais de 14 milhões possuem mais de 10 anos de uso. (Abril/2010)
  • 53 Milhões de CNH (Carteira Nacional de Habilitação)

Acidentes:
  • Mundo: 1,2 milhão mil mortes/ano com mais de 50 milhões de feridos (OMS).
  • Brasil: 45 mil mortes/ano (incluindo óbito após 72 hs do acidente, oficialmente gira em torno de 40.000 mortes/ano segundo o Ministério da Saúde)
  • 376.589 mil feridos/ano.
  • Mais de 1 milhão de acidentes/ano.
  • Prejuízos materiais em mais de 5 bilhões de dólares.
  • Prejuízos Sociais em mais de 5 bilhões de dólares.
  • O Governo gasta em média R$ 90.000,00 com vítima não fatal de acidente de trânsito. Nos casos de morte esse valor sobre para R$ 550.000,00, segundo dados do IPEA)
  • A cada 22 minutos, morre uma pessoa em acidente de trânsito.
  • A cada 07 minutos acontece um atropelamento.
  • A cada 57 segundos acontece um acidente de trânsito.
  • 75% dos acidentes são causados pelo homem, 12% por problemas no veículo, 6% por deficiências nas vias e 7% por causas diversas. Se considerarmos HOMEM-VEÍCULO-VIA como causa o homem, são 93%.
  • 75% dos acidentes ocorrem com tempo bom, 68% nas retas e 61% durante o dia.
  • Maior parte das vítimas de acidentes de trânsito tem menos de 35 anos.
  • Acidente de trânsito é o segundo maior problema de saúde pública do País, só perdendo para a desnutrição.
  • Nos acidentes com vítima, os automóveis tem participação de 53%.
  • 41% dos mortos em acidentes estão na faixa etária de 15 a 34 anos.
  • 377 mil acidentes com vítimas.
  • 60% dos feridos no trânsito ficam com lesões permanentes.
  • Em 40 mil acidentes com veículos de duas rodas, aconteceram 24 mil mortes.
  • 44% dos mortos em acidentes de trânsito, são em atropelamentos.
  • 79% dos mortos são do sexo masculino.
  • 44% dos acidentes são do tipo colisão.
  • Para cada 10.000 veículos, morrem 7 pessoas no Brasil e 1,5 no Japão.
  • São Paulo é a Capital onde há o maior nº de mortos.
  • Metade dos acidentes ocorrem a menos de 10 Km de distância da residência do motorista.
  • Em 70% dos casos de acidentes com mortes, o fator álcool estava presente, mesmo sem configurar embriaguez.
  • 9,3 milhões de veículos(quase 50% da frota) possuem mais de 10 anos de uso, correspondem por 77% da poluição veicular e 60% dos acidentes com vítimas.
GERAIS
  • Trânsito - 3ª Causa Mortis do Brasil;
  • 55% de ocupação dos leitos hospitalares;
  • 45 em cada mil consegue concluir o 1º grau em 8 anos;
  • 43% dos jovens até 17 anos tem apenas 2 anos de instrução escolar;
  • No Brasil, a proporção é de 1 morto para 690 veículos, enquanto na França é para 3.000, Suíça 3.600, Alemanha 4.200, EUA 5.300, Japão 5.600 e Suécia 6.900;
  • Nos EUA no ano de 2000 o motorista gastou em média 62 horas parado em congestionamentos, tendo a cidade de Los Angeles consumido 130 horas anuais de seus condutores em congestionamentos. Ainda neste mesmo ano, houve o acréscimo de US$ 68 bilhões gastos a mais em virtude desses congestionamentos no País.
Brasil
  • Pouco mais da metada da frota registrada é composta por automóveis, cerca de 35,1 milhões
  • 15 milhões de veículos 2 rodas (motocicletas e motonetas. 12,8 e 2,2 milhões respectivamente) já correspondem a pouco mais de 25% da frota total de veículos
  • 2,1 milhões de caminhões
  • Goías em 2008 foi o Estado com maior número de vítimas fatais (11.812) decorrentes de aciente de trânsito.
  • A região sudeste é a que possui a maior frota de veículos registrados, 3,51 milhões, enquanto a norte é a menor com 2,5 milhões de veículos registrados. (Sul 12,6; Nordeste 8,5 e Centro Oeste 5,3 milhões)
São Paulo

São emplacados 150 mil novos veículos por mês.

O Estado possui:
  • 19.467.614 veículos registrados;
  • 6.3000.000 veículos na Capital;
  • 35 % da frota nacional de veículos;
  • 45 pessoas atropeladas por dia na capital;
  • 19 mil atropelados na capital por ano, desses, 862 resultaram em mortes.
  • Morrem em média, 2 motociclistas por dia na capital

Reportagens da VEJA:
Uma PESQUISA curiosa
Uma pesquisa realizada pela empresa Opinion Research Corporation International, mostra que 76% dos motoristas confessam ter o mau hábito de se distrair com outras atividades enquanto dirigem. Os pesquisadores pediram a 1016 pessoas, que indicassem um ou mais tipos de situação que as fizeram sofrer um acidente ou, pelo menos, passar um susto no trânsito. O gráfico revela os resultados

Separando uma briga dos filhos - 26%
Apagando cigarro - 22%
Usando o laptop - 21%
Conversando com um passageiro - 18%
Falando ao celular - 13%


Jovens e carros: Atração perigosa


Eles são apaixonados por carro, mas estão mais expostos aos acidentes de trânsito, que matam 25 mil pessoas por ano no Brasil.

Ousados, ativos, com desejo de quebrar barreiras e inovar. Os jovens carregam diversas características, mas fazem parte da cruel realidade dos acidentes de carro, onde também se tornam personagens principais. Para se ter uma ideia da situação, 40% dos atendimentos realizados no Hospital Sarah-Salvador, no ano passado, foram pacientes de 14 a 29 anos, vítimas da violência do trânsito. No Hospital Sarah-Salvador, da Rede Sarah, que não realiza atendimentos de emergência, os pacientes são vítimas de algum tipo de acidente com lesão medular ou cerebral e estão em tratamento de reabilitação.
São muitos adolescentes e adultos jovens que fazem parte do grupo de risco no trânsito. Segundo o sociólogo Eduardo Biavati, responsável pelo Centro de Pesquisa de Prevenção da rede, eles estão mais expostos aos acidentes, levando-se em conta os padrões de comportamento, como a velocidade, a taxa de utilização do cinto de segurança e hábitos de lazer, que quase sempre envolvem a bebida alcoólica. “Os acidentes mais graves são com os jovens”, garante a psicóloga Nereide Tolentino, consultora do Instituto Nacional de Segurança no Trânsito. Segundo ela, não é exagero dizer que quase 70% dos acidentes fatais no trânsito envolvem jovens de 18 a 25 anos. Fatores De acordo com Nereide, dois fatores são fundamentais para traçar esta realidade.
Em primeiro lugar, o fato da idade ser própria da ousadia, das crenças pessoais, “de que com ele as coisas não vão acontecer”. O outro aspecto, segundo ela, é a falta de conhecimento. “O jovem aprende a dirigir mal. Não está preparado para respostas imediatas”, diz. Ela ressalta que o motorista novo ousa na direção, no dia-a-dia, mas não está habilitado para emergências. “Ele não tem nenhum treinamento para situações de emergência. Quando passa por uma poça de água ou óleo na pista, ele não sabe que não se deve frear. Não tem esta informação e faz o que vem na mente mais rapidamente”.
O excesso de velocidade e a bebida alcoólica são considerados causas de acidentes em geral, enquanto são grandes atrativos para os jovens. Segundo Nereide, estas duas coisas, combinadas ou não, agravam os fatores apontados acima por ela. O álcool torna o reflexo mais lento e a velocidade faz com que a situação de emergência esteja mais próxima. Exemplo: um cachorro que atravessa a rua na frente do carro que está a 80 km/h ocorre em um segundo. Com o álcool, é possível que a pessoa nem veja o que está ocorrendo.

Turma dentro do carro aumenta risco

A questão do exibicionismo do jovem com o carro não gera, na opinião da psicóloga, o problema da velocidade.
Quanto aos rachas e pegas, estes são aspectos que, para ela, dependem de outros comportamentos psicológicos. São pessoas que, se não tivessem o carro, estariam colocando em risco a vida delas e de outras da mesma forma, com outros instrumentos. Mas a “zoeira” que é comum dentro do automóvel de um jovem, acompanhado por amigos, com som em alto volume e tendo na paquera um dos objetivos do passeio, pode ser apontada como mais um fator que agrava a questão da segurança e da atenção. Como o padrão de lazer deles é o de nunca sair sozinho, este é um outro aspecto preocupante, segundo Eduardo Biavati. “É o ‘eu e minha turma’. Então, em um acidente, sempre mais de um vai se machucar”, diz o sociólogo.
A impaciência desta faixa etária também é característica. É comum observar no tráfego jovens motoristas “costurando” entre os demais carros, “grudando” no fundo do carro que está à frente, ultrapassando pela direita ou na contramão. Nereide observa que os jovens não aceitam freios e limites. “E o congestionamento é um limite que ele acha que deve suplantar”, diz.

Morte e incapacitação física

Alta velocidade transforma ruas da cidade em rodovias e aumenta a gravidade dos acidentes De acordo com pesquisa realizada no Hospital Sarah-Salvador, no ano passado, grande parte dos atendimentos foi de vítimas de trânsito, tendo como causa a alta velocidade. “A velocidade média do carro onde estava a vítima era de 80 km/h. Em cerca de 30% dos casos, estava acima dos 100 km/h”, informou o sociólogo Eduardo Biavati. Um aspecto que ele ressalta é que o tipo de acidente em Salvador tem característica de acidente de rodovia: um grande número de colisões com capotamento ou capotamento com colisão em objeto fixo, como poste. Se houver uma batida frontal com o carro a 80 km/h, é preciso levar em consideração que o outro veículo também está em movimento e, então, é possível imaginar o impacto que isto representa.
Sequelas
De volta aos números que marcam a violência no trânsito (registrados apenas no Hospital Sarah), mais da metade dos pacientes que chegaram ao hospital sofreram uma lesão medular e cerebral, “sendo que uma boa parte, inevitavelmente, vai ter como consequência a incapacitação física”, segundo Eduardo. “Para cada vítima fatal, 13 sobreviveram com algum tipo de ferimento, que pode ser desde um machucado no dedo até lesões na medula ou no cérebro”. De cada 13, quatro sobreviveram com sequela definitiva, algum tipo de incapacitação. “Se se levar em conta que são 25 mil mortes por ano, estatística que se repete há 10 anos, 100 mil ficam incapacitados fisicamente”. Na melhor das hipóteses, ficarão dependendo apenas da cadeira de rodas, segundo Eduardo.

Aulas de como conviver no trânsito

O carro não deve ser visto como uma máquina. É preciso mostrar todos os aspectos que o automóvel e o trânsito representam, levando-se em conta as questões de educação e cidadania. Na definição da psicóloga Nereide Tolentino, o trânsito é um espaço público que as pessoas têm de saber dividir e conviver. Para ela, o papel da família, quando bem estruturada, que é realmente um núcleo de desenvolvimento de valores, contribui para a formação do futuro condutor. Também depende de outras ações. Nereide lembra que o Rio Grande do Sul foi o primeiro estado brasileiro a implantar a obrigatoriedade do curso de formação dos motoristas, antes mesmo do novo Código de Trânsito Brasileiro passar a vigorar.
 “O percentual de acidentes depois da implantação do curso é menor, independentemente da faixa etária”, informa a psicóloga, lembrando que, neste mês, será lançado um projeto de formação no ensino médio. Escolas A Rede Sarah está realizando um trabalho nas escolas públicas e particulares, nas cidades onde há os hospitais, incluindo Salvador. Trata-se da “Superaula de Trânsito”, destinada aos alunos do 3º ano do ensino médio (antigo 2º grau), ou seja, aqueles que estão prestes a tornarem-se ou já são motoristas. As aulas abordam vários tipos de acidentes, que geram lesões cerebrais e medulares, estando em destaque os de trânsito. Estima-se que uma média de 30% dos cerca de 212 mil atendimentos no Hospital Sarah-Salvador, no ano passado, foram de tratamento e reabilitação de algum trauma gerado em acidente de trânsito.
Eduardo Biavati compara que o gasto da Rede Sarah para o transporte de cada aluno da escola pública até o local de realização da “Superaula” é de R$ 1,50, enquanto o tratamento de reabilitação de pacientes tetraplégicos pode chegar a mais de R$ 50 mil por ano. O agendamento das aulas, em Salvador, pode ser feito pelo telefone (71) 372-3244, fax (71) 372-3240 ou pelo e-mail malu@ssa.sarah.br.

Três vezes mais risco

O risco de acidente com jovens abaixo de 20 anos é três vezes maior do que com uma pessoa de 35 anos de idade. Além disso, a incidência maior de acidentes e de casos com perda total, ou seja, maior gravidade, ocorre entre os jovens, principalmente os do sexo masculino. Os dados fazem parte do estudo estatístico que a Itaú Seguros realizou, analisando o universo dos seus usuários. Este estudo é tomado como base para os descontos oferecidos no seguro do carro, de acordo com o perfil do motorista, mas também revela aspectos sobre a incidência de sinistros, segundo o gerente de Seguro de Carro da empresa, Fernando Reinhardt. Outros dados, de acordo com o perfil do cliente, demonstram que as mulheres se envolvem menos em acidentes - uma diferença, na média, de 10% - do que os homens. Esta diferença aumenta entre os mais jovens. Ou seja, a incidência de sinistros é ainda maior entre os jovens do sexo masculino, em relação ao sexo feminino.

A opinião deles

Os jovens também são capazes de identificar as atitudes que levam ao acidente. No convívio com pessoas da mesma idade ou observando o comportamento dos motoristas novos, eles notam as infrações ou atos irresponsáveis cometidos no trânsito. O estudante de direito Emanoel Fernandes da Cunha, 22 anos, por exemplo, acredita que a “irresponsabilidade e a falta de consciência de que ali (o carro) pode ser um instrumento perigoso, que pode matar”, são as causas dos acidentes entre jovens. Segundo ele, é preciso mais respeito com a vida própria e a outros. Para o universitário Henrique Magalhães, 23 anos, o motorista jovem pode estar capacitado e habilitado para dirigir e ter bons reflexos. Mas, quando tem excesso de confiança, como nas manobras ou ultrapassagens perigosas, põe tudo a perder. Irresponsabilidade, falta de paciência ou prudência, audácia, querer chegar mais rápido ou bebida alcoólica são as atitudes mais comuns, apontadas pelo estudante Davi Magalhães Mota, 21 anos. O álcool, combinado ou não com as drogas, e negligência são causas para a exposição do jovem aos acidentes, na opinião da Flávia Abreu, 21 anos. O consumo de bebida alcoólica e velocidade também são apontados pelos estudantes Paulo Roberto Duarte, 20 anos, e José Leandro Cardoso Brito, 19 anos. “Além da falta de respeito à vida. Não são todos, mas a maioria. Parece que não têm medo das conseqüências, do que pode acontecer”, afirma o estudante de engenharia elétrica Bruno Rodrigues Quadros, 19 anos.


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